terça-feira, 22 de outubro de 2024

Momento Decisivo do Sínodo: Contribuições Finais, Reflexões e Pedidos de Desculpas Marcam a Semana


Nos próximos dias, o Sínodo sobre a Sinodalidade entrará em uma fase crucial. De segunda a quarta-feira, os membros da Assembleia Sinodal compartilharão suas contribuições, preparando o caminho para que a comissão redatora finalize o Documento Final até sexta-feira. Sheila Pires, secretária da Comissão de Comunicação, relembrou as palavras do Cardeal Grech, que afirmou durante a missa que o encerramento da Assembleia representa, na verdade, um novo começo. O Padre Timothy Radcliffe, em seu retiro espiritual, também chamou atenção para a importância da liberdade e da responsabilidade nesse processo.

Rascunho do Documento Final: Reflexão e Liberdade

Os participantes já receberam o rascunho do Documento Final, um texto provisório e confidencial que reflete as contribuições dos grupos menores e dos teólogos envolvidos no processo sinodal. Esse esboço coloca o foco na ressurreição de Jesus, e Sheila Pires destacou a necessidade de encarar a última semana com um espírito de liberdade. “Foi uma troca de dons”, afirmou ela, referindo-se ao compartilhamento de desafios e sonhos que estão moldando o documento. A Assembleia também dedicou orações em memória de um sacerdote assassinado em Chiapas, México, mostrando a unidade em meio à dor.

Cardeal Fernández e um Pedido de Desculpas

Durante as reuniões de estudo da última sexta-feira, uma situação inesperada levou o Cardeal Víctor Manuel Fernández a pedir desculpas publicamente na Sala Sinodal, diante do Papa Francisco. Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação, mencionou o fato em sua coletiva de imprensa, ressaltando também a importância das canonizações ocorridas no domingo e o encerramento do Sínodo Digital, que se dará na próxima sexta-feira, 25 de outubro, com o evento "Sínodo do Esporte".

Renovação da Igreja: Um Novo Caminho de Comunhão

O dominicano Timothy Radcliffe destacou que o verdadeiro propósito do Sínodo não está em manchetes sensacionalistas, mas em uma renovação profunda da Igreja. “O Sínodo trata de uma profunda renovação da Igreja em novas situações”, afirmou, alertando sobre a tentação de buscar decisões rápidas. Ele ilustrou seu ponto com dois exemplos poderosos: a visita do Papa Francisco à prisão, onde lavou os pés de detentos, e uma experiência pessoal no Paquistão, onde viu um dominicano americano imerso na vida local, vivendo como um “pastor com cheiro de ovelha”. Para Radcliffe, o documento final não traz mudanças drásticas, mas sugere novas maneiras de sermos Igreja, aprofundando nossa comunhão com Cristo.

O Diálogo: Fundamento da Igreja

O Cardeal Matteo Zuppi, Arcebispo de Bolonha, afirmou que “o diálogo é o fundamento da Igreja”, e destacou as mesas de discussão na Sala Sinodal como espaços de verdadeira escuta espiritual. Para ele, é essencial resistir à polarização e buscar o que nos une, sem apagar as vozes dos outros. Zuppi vê o processo sinodal como um grande sinal de comunhão em um mundo muitas vezes fragmentado. Ele enxerga o Documento Final como uma ferramenta para lembrar que a Igreja vive em um mundo que deve ser cuidado como nossa casa comum, pedindo que todos avancem além das divisões e barulhos que nos cercam. “Uma Igreja com o rosto de seu povo é uma Igreja mais atraente”, concluiu.

A Importância das Mulheres no Sínodo

A Irmã Nathalie Becquart, subsecretária do Sínodo, ressaltou o papel essencial das mulheres na Assembleia. Segundo ela, as mulheres contribuíram significativamente como relatoras e na elaboração do Documento Final. “O Sínodo ajuda homens e mulheres a interagir, destacando a riqueza da diversidade”, afirmou Becquart. Ela destacou que a qualidade da escuta mútua promoveu uma verdadeira fraternidade, ajudando a Igreja a avançar de forma inclusiva e equitativa.

As Igrejas de Rito Oriental e o Diálogo Ecumênico

Dom Manuel Nin Güell, Eparca Apostólico para os católicos de rito bizantino na Grécia, compartilhou as experiências de sua comunidade, composta por fiéis de diversas origens. Ele destacou como o Sínodo tem iluminado a realidade dessas igrejas orientais, que desempenham um papel crucial no diálogo ecumênico com as igrejas ortodoxas. Para ele, o Sínodo sublinhou o valor dessas comunidades como pontes de entendimento e comunhão, reforçando que sua riqueza não se limita a “variantes folclóricas”, mas contribui para a unidade da Igreja Católica.

Caminhando Juntos para um Futuro de Esperança

Enquanto o Sínodo se aproxima de seus momentos finais, os participantes olham para o futuro com esperança. O diálogo, a inclusão e a fraternidade são os pilares que sustentam este processo de renovação, permitindo que a Igreja continue a ser um sinal de comunhão e paz em um mundo dividido. 

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