quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Porta aberta: Laudato si - De 34 a 41

Porta aberta: Laudato si - De 34 a 41

Cidade do Vaticano (RV) - Perda de biodiversidade

34. Possivelmente perturba-nos saber da extinção dum mamífero ou duma ave, pela sua maior visibilidade; mas, para o bom funcionamento dos ecossistemas, também são necessários os fungos, as algas, os vermes, os pequenos insectos, os répteis e a variedade inumerável de microorganismos. Algumas espécies pouco numerosas, que habitualmente nos passam despercebidas, desempenham uma função censória fundamental para estabelecer o equilíbrio dum lugar. É verdade que o ser humano deve intervir quando um geosistema cai em estado crítico, mas hoje o nível de intervenção humana numa realidade tão complexa como a natureza é tal, que os desastres constantes causados pelo ser humano provocam uma nova intervenção dele de modo que a actividade humana torna-se omnipresente, com todos os riscos que isto implica. Normalmente cria-se um círculo vicioso, no qual a intervenção humana, para resolver uma dificuldade, muitas vezes ainda agrava mais a situação. Por exemplo, muitos pássaros e insectos, que desaparecem por causa dos agro-tóxicos criados pela tecnologia, são úteis para a própria agricultura, e o seu desaparecimento deverá ser compensado por outra intervenção tecnológica que possivelmente trará novos efeitos nocivos. São louváveis e, às vezes, admiráveis os esforços de cientistas e técnicos que procuram dar solução aos problemas criados pelo ser humano. Mas, contemplando o mundo, damo-nos conta de que este nível de intervenção humana, muitas vezes ao serviço da finança e do consumismo, faz com que esta terra onde vivemos se torne realmente menos rica e bela, cada vez mais limitada e cinzenta, enquanto ao mesmo tempo o desenvolvimento da tecnologia e das ofertas de consumo continua a avançar sem limites. Assim, parece que nos iludimos de poder substituir uma beleza insuprível e irrecuperável por outra criada por nós.

35. Quando se analisa o impacto ambiental de qualquer iniciativa económica, costuma-se olhar para os seus efeitos no solo, na água e no ar, mas nem sempre se inclui um estudo cuidadoso do impacto na biodiversidade, como se a perda de algumas espécies ou de grupos animais ou vegetais fosse algo de pouca relevância. As estradas, os novos cultivos, as reservas, as barragens e outras construções vão tomando posse dos habitats e, por vezes, fragmentam-nos de tal maneira que as populações de animais já não podem migrar nem mover-se livremente, pelo que algumas espécies correm o risco de extinção. Existem alternativas que, pelo menos, mitigam o impacto destas obras, como a criação de corredores biológicos, mas são poucos os países em que se adverte este cuidado e prevenção. Quando se explora comercialmente algumas espécies, nem sempre se estuda a sua modalidade de crescimento para evitar a sua diminuição excessiva e consequente desequilíbrio do ecossistema.

36. O cuidado dos ecossistemas requer uma perspectiva que se estenda para além do imediato, porque, quando se busca apenas um ganho económico rápido e fácil, já ninguém se importa realmente com a sua preservação. Mas o custo dos danos provocados pela negligência egoísta é muitíssimo maior do que o benefício económico que se possa obter. No caso da perda ou dano grave dalgumas espécies, fala-se de valores que excedem todo e qualquer cálculo. Por isso, podemos ser testemunhas mudas de gravíssimas desigualdades, quando se pretende obter benefícios significativos, fazendo pagar ao resto da humanidade, presente e futura, os altíssimos custos da degradação ambiental.

37. Alguns países fizeram progressos na conservação eficaz de certos lugares e áreas – na terra e nos oceanos –, proibindo aí toda a intervenção humana que possa modificar a sua fisionomia ou alterar a sua constituição original. No cuidado da biodiversidade, os especialistas insistem na necessidade de prestar uma especial atenção às áreas mais ricas em variedade de espécies, em espécies endémicas, raras ou com menor grau de efectiva protecção. Há lugares que requerem um cuidado particular pela sua enorme importância para o ecossistema mundial, ou que constituem significativas reservas de água assegurando assim outras formas de vida.

38. Mencionemos, por exemplo, os pulmões do planeta repletos de biodiversidade que são a Amazónia e a bacia fluvial do Congo, ou os grandes lençóis freáticos e os glaciares. A importância destes lugares para o conjunto do planeta e para o futuro da humanidade não se pode ignorar. Os ecossistemas das florestas tropicais possuem uma biodiversidade de enorme complexidade, quase impossível de conhecer completamente, mas quando estas florestas são queimadas ou derrubadas para desenvolver cultivos, em poucos anos perdem-se inúmeras espécies, ou tais áreas transformam-se em áridos desertos. Todavia, ao falar sobre estes lugares, impõe-se um delicado equilíbrio, porque não é possível ignorar também os enormes interesses económicos internacionais que, a pretexto de cuidar deles, podem atentar contra as soberanias nacionais. Com efeito, há «propostas de internacionalização da Amazónia que só servem aos interesses económicos das corporações internacionais».[24] É louvável a tarefa de organismos internacionais e organizações da sociedade civil que sensibilizam as populações e colaboram de forma crítica, inclusive utilizando legítimos mecanismos de pressão, para que cada governo cumpra o dever próprio e não-delegável de preservar o meio ambiente e os recursos naturais do seu país, sem se vender a espúrios interesses locais ou internacionais.

39. Habitualmente também não se faz objecto de adequada análise a substituição da flora silvestre por áreas florestais com árvores, que geralmente são monoculturas. É que pode afectar gravemente uma biodiversidade que não é albergada pelas novas espécies que se implantam. Também as zonas húmidas, que são transformadas em terrenos agrícolas, perdem a enorme biodiversidade que abrigavam. É preocupante, nalgumas áreas costeiras, o desaparecimento dos ecossistemas constituídos por manguezais.

40. Os oceanos contêm não só a maior parte da água do planeta, mas também a maior parte da vasta variedade dos seres vivos, muitos deles ainda desconhecidos para nós e ameaçados por diversas causas. Além disso, a vida nos rios, lagos, mares e oceanos, que nutre grande parte da população mundial, é afectada pela extracção descontrolada dos recursos ictíicos, que provoca drásticas diminuições dalgumas espécies. E no entanto continuam a desenvolver-se modalidades selectivas de pesca, que descartam grande parte das espécies apanhadas. Particularmente ameaçados estão organismos marinhos que não temos em consideração, como certas formas de plâncton que constituem um componente muito importante da cadeia alimentar marinha e de que dependem, em última instância, espécies que se utilizam para a alimentação humana.

41. Passando aos mares tropicais e subtropicais, encontramos os recifes de coral, que equivalem às grandes florestas da terra firme, porque abrigam cerca de um milhão de espécies, incluindo peixes, caranguejos, moluscos, esponjas, algas e outras. Hoje, muitos dos recifes de coral no mundo já são estéreis ou encontram-se num estado contínuo de declínio: «Quem transformou o maravilhoso mundo marinho em cemitérios subaquáticos despojados de vida e de cor?»[25] Este fenómeno deve-se, em grande parte, à poluição que chega ao mar resultante do desflorestamento, das monoculturas agrícolas, das descargas industriais e de métodos de pesca destrutivos, nomeadamente os que utilizam cianeto e dinamite. É agravado pelo aumento da temperatura dos oceanos. Tudo isso nos ajuda a compreender como qualquer acção sobre a natureza pode ter consequências que não advertimos à primeira vista e como certas formas de exploração de recursos se obtêm à custa duma degradação que acaba por chegar até ao fundo dos oceanos.

(from Vatican Radio)

Os documentos do Concílio Vaticano II

Os documentos do Concílio Vaticano II

Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos começar a tratar, na edição de hoje, dos Documentos do Concílio.

O Concílio Vaticano II foi aberto solenemente pelo Papa João XXIII em 11 de outubro de 1962 e concluído por Paulo VI em 8 de dezembro de 1965. Realizado em quatro sessões, foi o Concílio Ecumênico mais representativo da história, reunindo mais de dois mil bispos de todo o mundo, além de observadores, também de outras religiões.

A pedido de João XXIII, que o convocou em 1959, o Concílio deveria ser pastoral, ou seja, que não se detivesse em definir dogmas, mas que representasse uma atualização da Igreja face à sociedade contemporânea, um "aggiornamento", expressão usada em italiano. Isto não quis dizer, no entanto, que ele não tenha sido doutrinal, mesmo porque as perspectivas pastorais baseiam-se na doutrina. Como escreveu São João Paulo II na Constituição Apostólica Fidei depositum, de 1992, "com a ajuda de Deus, os Padres Conciliares puderam elaborar, em quatro anos de trabalho, um conjunto considerável de exposições doutrinais e de diretrizes pastorais oferecidas a toda a Igreja".

Os temas debatidos ao longo de quatro sessões, resultaram em quatro Constituições, nove Decretos e três Declarações. Como todos os documentos da Igreja, os textos originais do Concílio Vaticano II foram redigidos em latim e são identificados pelas primeiras duas ou três palavras latinas que iniciam o documento.

As Constituições Apostólicas são os documentos de maior importância e tratam de assuntos fundamentais da fé. Elas podem ser Dogmáticas - que tratam dos dogmas fundamentais da nossa fé -  ou Disciplinares (Pastorais e Conciliares), relacionadas com as determinações canônicas, oficiais da Igreja. Do Concílio Vaticano II resultaram duas Constituições Dogmáticas - a Dei Verbum, sobre  Revelação Divina, e a Lumen Gentium, sobre a Igreja - e duas Constituições Pastorais Conciliares - a Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia da Igreja, e a Gaudium et Spes, sobre a Igreja no mundo atual.

Os Decretos produzidos pelo Concílio Vaticano II, por sua vez, foram nove:

- Decreto sobre os meios de comunicação social (“Inter mirifica” (IM), 4.12.1963);

- Decreto sobre as Igrejas Católicas orientais (“Orientalium Ecclesiarium” (OE), 21.11.1964);

- Decreto sobre o ecumenismo (“Unitatis redintegratio” (UR), 21.11.1964);

- Decreto sobre o ministério pastoral dos bispos (“Christus Dominus” (CD), 28.10.1965);

- Decreto sobre a formação sacerdotal (“Optatam totius” (OT), 28.10.1965);

- Decreto sobre a conveniente renovação da vida religiosa (“Perfectae caritatis” (PC), 28.10.1965);

- Decreto sobre o apostolado dos leigos (“Apostolicam actuositatem” (AA), 18.11.1965);

- Decreto sobre a atividade missionária da Igreja (“Ad gentes” (AG), 7.12.1965);

- Decreto sobre o ministério e vida dos padres (“Presbyterorum Ordinis” (PO), 7.12.1965);

Também foram produzidas  três Declarações:

- Declaração sobre a educação cristã (“Gravissimum educationis” (GE), 28.10.1965);

- Declaração sobre as relações da Igreja com as religiões não cristãs (“Nostra aetate” (NA), 28.10.1965);

- Declaração sobre a liberdade religiosa (“Dignitatis humanae” (DH), 7.12.1965).

O Concílio Vaticano II não definiu nenhum dogma, no entanto, cada expressão de Magistério autêntico deve ser acolhida como um ensinamento dado por Pastores que, na sucessão apostólica, falam com "o carisma da verdade" (Dei Verbum, n.8), "revestidos da autoridade de Cristo" (Lumen Gentiun, n.25), "à luz do Espírito Santo" (ibid.). Este carisma, esta autoridade e esta luz estiveram presentes no Concílio Vaticano II, com todo o episcopado reunido cum Petro e sub Petro para ensinar à Igreja universal.

Nem todas as afirmações contidas nos documentos conciliares têm o mesmo valor doutrinal e por consequência nem todas exigem o mesmo grau de adesão. No entanto, alguns ensinamentos exigem dos fieis o grau de adesão denominado "obséquio religioso da vontade e do intelecto". Uma adesão que não se configura como ato de fé, mas de obediência; não simplesmente disciplinar, mas radicada na confiança na assistência divina ao Magistério e por isto "na lógica e sob o impulso da obediência da fé". (Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Donum veritatis,24-V-1990, n.23)

(from Vatican Radio)

Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016: Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo

Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016: Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo

Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo

A escolha do tema deste ano, foi certamente determinada pelo Jubileu extraordinário da Misericórdia e sem dúvida, o Santo Padre almejou que o Dia Mundial das Comunicações Sociais, oferecesse uma ocasião propícia para refletir sobre as sinergias profundas entre comunicação e misericórdia.
Na Bula de proclamação do Ano Jubilar, no número 12, o Papa afirma que: “ a Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa ” e, no mesmo número, o Papa acrescenta: “ A sua linguagem e os seus gestos, para penetrarem no coração das pessoas e desafiá-las a encontrar novamente a estrada para regressar ao Pai, devem irradiar misericórdia ”.
É oportuno recordar, a este propósito, que nos situamos no contexto de uma comunicação que é lugar privilegiado para a promoção da cultura do encontro.
O Papa nesta ocasião se refere à linguagem e aos gestos da Igreja, mas na perspectiva indicada, cada homem e mulher de hoje, na própria comunicação, no ir ao encontro do outro ou da outra, devem ser animados por uma profunda dimensão de acolhimento, de disponibilidade, de perdão.
O Tema evidencia que uma boa comunicação pode abrir um espaço para o diálogo, para uma compreensão recípocra e a reconciliação, permitindo que desta maneira brotem encontros humanos fecundos. Em um momento no qual nossa atenção, tantas vezes se volta a natureza centralizada e arbitraria dos múltiplos comentários das mídias sociais, este tema quer concentrar-se sobre o poder das palavras e dos gestos, para superar as incompreenções, para curar as memórias, para construir a paz e a harmonia.
Outra vez, Papa Francisco, ajuda a descobrir que no coração da comunicação existe, antes de tudo, uma profunda dimensão humana. Comunicação que não é somente uma “atual ou moderna tecnologia, mas uma profunda relação interpessoal.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais, único dia estabelecido pelo Concílio Vaticano II (Inter Mirifica, 1963) vem celebrado em muitos países, sob a recomendação dos bispos do mundo, no Domingo que precede a Festa de Pentecostes (em 2016, será 8 de maio).
A Mensagem do Santo Padre para o Dia Mundial das Comunicações Sociais vem tradicionalmente publicada na ocasião da Festa de São Francisco de Sales, patrono dos jornalistas (24 de janeiro).

Papa aos jovens: Cracóvia nos espera!

Papa aos jovens: Cracóvia nos espera!

A alegria de Deus é perdoar: é o que escreve o Papa Francisco aos jovens, na mensagem para a 31ª Jornada Mundial da Juventude de Cracóvia 2016

“Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7) é tema da Mensagem. Cracóvia acolherá uma Jornada especial – um “Jubileu dos jovens”, como definiu Francisco. Será a primeira a ser celebrada, a nível mundial, depois da canonização de João Paulo II, idealizador das JMJ e, sobretudo, se inserirá no Ano da Misericórdia convocado pelo Papa.

Francisco exorta os jovens a compreenderem que o amor de Deus pelo seu povo é como o de uma mãe ou de um pai por seu filho: um amor capaz de “criar dentro de mim espaço para o outro, sentir, sofrer e alegrar-me com o próximo”, um amor “fiel, que perdoa sempre”. Por isso, destaca o Pontífice, “na misericórdia está sempre incluído o perdão”, porque não se trata “de uma ideia abstracta, mas de uma realidade concreta”. Em Jesus, “tudo fala de misericórdia”, ou melhor “Ele próprio é misericórdia”, e a “síntese de todo o Evangelho” está nisto: “a alegria de Deus é perdoar”.

No texto, o Papa recorda a sua experiência juvenil quando, aos 17 anos, o encontro com um sacerdote, durante a Confissão, mudou a sua vida. Eis então o convite aos jovens para se aproximarem deste Sacramento, porque “quando abrimos o coração com humildade e transparência, podemos contemplar de forma muito concreta a misericórdia de Deus”. O confessionário é “o lugar da misericórdia”, destaca Francisco, porque “o Senhor nos perdoa sempre” e nos olha com um olhar de amor infinito, para além de todos os nossos pecados, limitações e fracassos.

Mas a misericórdia – adverte o Pontífice – não só se recebe, mas se coloca em prática. Ou melhor, “só seremos realmente felizes se entrarmos na lógica divina do dom, do amor gratuito, sem medida”. Recordando que “a misericórdia não é bonomia nem mero sentimentalismo”, o Papa faz uma proposta aos jovens: escolher, entre janeiro e julho de 2016 – mês da Jornada – uma obra de misericórdia corporal e uma espiritual para colocar em prática em cada mês. A mensagem da Divina Misericórdia, recorda Francisco, é “um programa de vida muito concreto e exigente”, que implica obras, entre as quais perdoar quem nos ofendeu.

Num mundo em que os jovens se declaram cansados, em meio a tantas guerras e violência, o Papa reitera que a misericórdia é o único caminho para vencer o mal. A justiça, escreve ele, é necessária, mas não suficiente, porque “justiça e misericórdia devem caminhar juntas”.

 “Cracóvia espera-nos com os braços e o coração abertos!”, afirma ainda o Papa aos jovens, “vinde a Ele e não tenhais medo”.

Em 2016, pela terceira vez uma JMJ coincidirá com um Ano Jubilar. A primeira vez foi em 1983-84, durante o Ano Santo da Redenção. Depois, o Grande Jubileu do Ano 2000, quando mais de dois milhões de jovens de cerca de 165 países se reuniram em Roma para a 15ª JMJ. (BS/BF)

(from Vatican Radio)

Relíquias de Santa Teresa de Lisieux e de seus pais expostas em Roma

Relíquias de Santa Teresa de Lisieux e de seus pais expostas em Roma


Roma (RV) -  As Urnas contendo as relíquias de Santa Teresa do Menino Jesus e de seus Beatos pais serão expostas para veneração dos fieis na Capela da Virgem Salus Populi Romani na Basílica de Santa Maria Maior, de 4 a 25 de outubro de 2015, durante o Sínodo Ordinário dos Bispos dedicado à família.

Os cônjuges Louis Martin e Zélie Guérin serão canonizados em 18 de outubro pelo Papa Francisco na Praça São Pedro. Trata-se do primeiro casal não-mártir na história da Igreja que será elevado à honra dos altares na mesma cerimônia, o que adquire maior relevância por realizar-se, por decisão do Pontífice, justamente durante o Sínodo sobre as famílias.

 “Louis e Zélie demonstraram com as suas vidas que o amor conjugal é um instrumento de santidade, é um caminho em direção à santidade realizado junto por duas pessoas – declarou o Vice Postulador da Causa de Canonização, o Padre carmelita Antonio Sangalli. Isto é hoje, na minha opinião, o elemento mais importante para analisar a família. Existe uma necessidade enorme de uma espiritualidade simples realizada na vida cotidiana”.

Também a exposição das relíquias na Santa Maria Maior assume um significado particular, por ser justamente diante da Virgem Salus Populi Romani que o Papa Francisco pediu para rezar pelos frutos dos trabalhos sinodais e por todas as famílias do mundo.

As relíquias poderão ser veneradas durante o horário normal de abertura da Basílica, ou seja, diariamente das 7 às 19 horas.

Por outro lado, a filha do casal, a Serva de Deus Irmã Francisca Teresa (Leonia Martin), irmã da Santa de Lisieux, teve aberta a causa de canonização em 2 de julho passado em Caen, na França. (JE)





(from Vatican Radio)

Constuir pontes, pois os muros caem: Papa recorda viagem a Cuba e EUA

Constuir pontes, pois os muros caem: Papa recorda viagem a Cuba e EUA

Cidade do Vaticano (RV) – A recente viagem a Cuba e aos Estados Unidos foi o tema da Audiência Geral de Francisco esta quarta-feira (30/09), o primeiro compromisso público do Papa de regresso ao Vaticano.

Na Praça S. Pedro, cerca de 30 mil fiéis acolheram calorosamente o Pontífice,  que os saudou a bordo do seu papamóvel antes de pronunciar a sua catequese. O Papa saudou também os doentes que acompanharam a Audiência na Sala Paulo VI através dos telões.

De modo especial, Francisco agradeceu aos Presidentes Raúl Castro e Barack Obama e ao Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, pela recepção que lhe reservaram.

Cuba

Recordando a primeira etapa de sua 10ª viagem internacional, o Papa diz que se apresentou em Cuba como “Missionário da Misericórdia”. “A misericórdia de Deus é maior do que qualquer ferida, de qualquer conflito e de qualquer ideologia; e com este olhar de misericórdia, pude abraçar todo o povo cubano, dentro e fora da pátria.”

Com os cubanos, disse ainda Francisco, pude compartilhar a esperança do cumprimento da profecia de São João Paulo II: “Que Cuba se abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba”. “Não mais fechamentos, não mais exploração da pobreza, mas liberdade na dignidade”, pediu o Papa. Este é o caminho a seguir, acrescentou, buscando força nas raízes cristãs daquele povo que tanto sofreu. Símbolo desta unidade profunda da alma cubana é a Virgem da Caridade do Cobre, Padroeira da Nação.

A passagem de Cuba aos Estados Unidos foi emblemática, disse o Papa, pela ponte que está sendo reconstruída. “Deus sempre quer construir pontes; somos nós que construímos muros. E os muros caem, sempre.”

Estados Unidos

Em Washington, citou a canonização do Fr. Junípero Serra. Em Nova Iorque, recordou a visita à sede central da Organização das Nações unidas e seu apelo por mais esforços para a proteção do meio ambiente e contra as violências sofridas em conflitos pela sociedade civil e pelas minorias étnicas e religiosas.

Francisco citou ainda a oração inter-religiosa pela paz no Memorial Ground Zero e a missa no Madison Square Garden.

Famílias

O ápice da viagem, disse ele, foi o Encontro Mundial das Famílias em Filadélfia, onde teve a oportunidade de reiterar que a família, fundada na aliança entre o homem e a mulher, é a resposta ao grande desafio do nosso mundo. Desafio que Francisco apontou em dois fenômenos: a fragmentação e a massificação – dois extremos que convivem e promovem o modelo econômico consumista.

“A família é a resposta porque é a célula de uma sociedade que equilibra a dimensão pessoal e aquela comunitária e que, ao mesmo tempo, pode ser o modelo de uma gestão sustentável dos bens e dos recursos da criação. A família é o sujeito protagonista de uma ecologia integral.”

Para Francisco, foi providencial que o Encontro tenha se realizado nos Estados Unidos, o país que no século passado alcançou o máximo do desenvolvimento econômico e tecnológico, sem renegar as suas raízes religiosas.

“Agora, essas mesmas raízes pedem para partir novamente da família para repensar e transformar o modelo de desenvolvimento, pelo bem de toda a família humana.”

Fiéis brasileiros

Ao saudar os inúmeros grupos na Praça S. Pedro, o Papa agradeceu a presença dos fiéis brasileiros vindos de São Paulo, Rio de Janeiro, Itu e Campo Grande.

(BF)

(from Vatican Radio)

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Card. Braz de Aviz: Sínodo, família e vocações

Card. Braz de Aviz: Sínodo, família e vocações

Cidade do Vaticano (RV) – Encerrado o Encontro Mundial das Famílias, a atenção no Vaticano se dirige agora ao iminente Sínodo dos Bispos, que será aberto oficialmente pelo Papa Francisco no próximo domingo, 4 de outubro.

No discurso aos bispos participantes do Encontro em Filadélfia, o Papa alertou para a cultura consumista, que pode minar não só o tecido social, mas também o eclesial. Com a crise da família, com a sua desestruturação, esta já não constitui o terreno fértil para o surgimento das vocações.

“Mas Deus chama onde Ele quer, inclusive nas situações mais impensáveis”, é o que afirma o Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Card. João Braz de Aviz.

Dom João fala também do Sínodo dos Bispos, do qual participará, e ressalta a postura do Papa Francisco, que quer se aproximar dos sofrimentos das famílias de hoje.

Clique acima para ouvir.

(BF)

(from Vatican Radio)

"Comunicação e Misericórdia" é tema do Dia das Comunicações

"Comunicação e Misericórdia" é tema do Dia das Comunicações

Cidade do Vaticano (RV) – “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo.” Este é o tema do Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016, divulgado esta terça-feira.

O Dia, que chega à sua 50ª edição, será celebrado no domingo dia 8 de maio, Solenidade da Ascensão dos Senhor.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única celebração mundial promovida desde o Concílio Vaticano II,  após o decreto conciliar sobre os meios de comunicação, Inter Mirifica, de 1963.

A data foi celebrada pela primeira vez no domingo de 7 de maio de 1967. A Mensagem do Papa para a ocasião é tradicionalmente publicada na festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos comunicadores (24 de janeiro).  

(BF)

(from Vatican Radio)

RV: Servir Cristo é ser servo da Verdade

RV: Servir Cristo é ser servo da Verdade

Cidade do Vaticano (RV) – “A festa dos arcanjos é a festa da Rádio Vaticano.” O Secretário de Estado, Card. Pietro Parolin, presidiu na capela da Anunciação, na sede da emissora, à missa por ocasião da festa de São Gabriel, padroeiro da Rádio do Papa.

Em sua homilia, o Cardeal recorda que os arcanjos são os portadores da mensagens celestes mais importantes. A eles, é confiada a missão de comunicar fielmente e de abrir o caminho ao Senhor.

Rádio Vaticano, mensageira de paz

“Não há dia mais apto do que este para celebrar a festa da Rádio Vaticano. A sua missão se une àquela dos anjos e a eles pede assistência e proteção. A Rádio Vaticano recebeu o mandato de comunicar as palavras, os gestos, a ação e a proposta do Santo Padre, fazendo ressoar a voz e aprofundando a sua mensagem. Uma voz e uma mensagem que brotam do Evangelho e ao Evangelho pretendem conduzir. Uma mensagem de paz, vida, solidariedade e perdão que se difunde através deste trabalho a todo o mundo”, destacou o Secretário de Estado.

O Cardeal Parolin ressalta também a tarefa da emissora de informar com objetividade os principais fatos da atividade eclesial e civil, oferecendo aos ouvintes um serviço de “notável utilidade”, já que é inestimável o valor de uma informação correta, que não esteja a serviço de interesses e poderes que, para alcançar seus objetivos, distorcem a informação.

Servir Cristo – disse ainda o Cardeal – oferece a vantagem de ser servos da Verdade. “A finalidade da Rádio Vaticano é fazer ressoar clara e forte a mensagem evangélica e de ser exemplo de boa informação. E assim a emissora se distingui desde o seu nascimento em 1931.”

O Secretário de Estado recordou ainda toda a produção da Rádio Vaticano, seja através das ondas do rádio, mas também na internet, em mais de  40 idiomas. “Um trabalho de equipe, de alto profissionalismo e ponto de referência para uma informação crível.”

E enalteceu o espírito de sacrifício de seus funcionários, demonstrado por exemplo durante a viagem do Papa a Cuba e aos Estados, trabalhando inclusive nas horas noturnas para divulgar a mensagem do Santo Padre. O mesmo afinco será demonstrado durante os próximos eventos, para a cobertura do Sínodo e do Jubileu Extraordinário.

Secretaria para a Comunicação

Por fim, o Cardeal Parolin citou a recém-instituída Secretaria para a Comunicação, chamada em nome do Papa a renovar, com novos meios, as comunicações da Santa Sé.

“Que os Santos Arcanjos protejam toda a Rádio Vaticano, para que seja capaz de renovar-se, permanecendo fiel a si mesma, e se torne instrumento sempre mais eficaz a serviço do Papa e daquela Igreja em saída, que é seu pedido a todos nós.”

Nesta terça-feira, o Cardeal Pietro Parolin nomeou como novo Diretor dos Programas da Rádio Vaticano o Padre polonês Andrzej Majewski, S.I. O sacerdote jesuíta sucede o Padre Andrzej Koprowski, também ele polonês, que trabalhou durante 10 anos na emissora.

(from Vatican Radio)

Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016: Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo

Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016: Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo

A escolha do tema deste ano, foi certamente determinada pelo Jubileu extraordinário da Misericórdia e sem dúvida, o Santo Padre almejou que o Dia Mundial das Comunicações Sociais, oferecesse uma ocasião propícia para refletir sobre as sinergias profundas entre comunicação e misericórdia.
Na Bula de proclamação do Ano Jubilar, no número 12, o Papa afirma que: “ a Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa ” e, no mesmo número, o Papa acrescenta: “ A sua linguagem e os seus gestos, para penetrarem no coração das pessoas e desafiá-las a encontrar novamente a estrada para regressar ao Pai, devem irradiar misericórdia ”.
É oportuno recordar, a este propósito, que nos situamos no contexto de uma comunicação que é lugar privilegiado para a promoção da cultura do encontro.
O Papa nesta ocasião se refere à linguagem e aos gestos da Igreja, mas na perspectiva indicada, cada homem e mulher de hoje, na própria comunicação, no ir ao encontro do outro ou da outra, devem ser animados por uma profunda dimensão de acolhimento, de disponibilidade, de perdão.
O Tema evidencia que uma boa comunicação pode abrir um espaço para o diálogo, para uma compreensão recípocra e a reconciliação, permitindo que desta maneira brotem encontros humanos fecundos. Em um momento no qual nossa atenção, tantas vezes se volta a natureza centralizada e arbitraria dos múltiplos comentários das mídias sociais, este tema quer concentrar-se sobre o poder das palavras e dos gestos, para superar as incompreenções, para curar as memórias, para construir a paz e a harmonia.
Outra vez, Papa Francisco, ajuda a descobrir que no coração da comunicação existe, antes de tudo, uma profunda dimensão humana. Comunicação que não é somente uma “atual ou moderna tecnologia, mas uma profunda relação interpessoal.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais, único dia estabelecido pelo Concílio Vaticano II (Inter Mirifica, 1963) vem celebrado em muitos países, sob a recomendação dos bispos do mundo, no Domingo que precede a Festa de Pentecostes (em 2016, será 8 de maio).
A Mensagem do Santo Padre para o Dia Mundial das Comunicações Sociais vem tradicionalmente publicada na ocasião da Festa de São Francisco de Sales, patrono dos jornalistas (24 de janeiro).

Francisco pede orações pelo fim do tráfico de pessoas

Francisco pede orações pelo fim do tráfico de pessoas

Cidade do Vaticano (RV) – O fim do tráfico de pessoas está na intenção do Papa Francisco para o mês de outubro.

A intenção universal é: “Para que seja erradicado o tráfico de pessoas, a forma moderna de escravidão”.

Desde o início do seu pontificado, Francisco tem dado uma atenção especial a esta chaga da sociedade contemporânea. De modo especial, pediu à Pontifícia Academia das Ciências Sociais que organize periodicamente congressos, simpósios e seminários a respeito deste tema. Respondendo à exortação do Papa, a Pontifícia Academia já acolheu no Vaticano autoridades civis, políticas e religiosas, e inclusive vítimas do tráfico.

A última vez que o Pontífice tocou no tema foi durante seu pronunciamento na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. Ao falar sobre a insuficiência dos compromissos assumidos, Francisco pediu vontade política “efetiva, prática e constante” para superar fenômenos como o tráfico de seres humanos, a exploração sexual de meninos e meninas e o trabalho escravo.

Missão na Ásia

Ainda no mês de outubro, o Pontífice propõe ao Apostolado da Oração a intenção pela evangelização: “Para que, com espírito missionário, as comunidades cristãs do continente asiático anunciem o Evangelho a todos aqueles que ainda não o conhecem”.

(from Vatican Radio)

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

No voo de regresso dos Estados Unidos o Papa traça um primeiro balanço da viagem - Todos os muros desabam

No voo de regresso dos Estados Unidos o Papa traça um primeiro balanço da viagem - Todos os muros desabam

L’Osservatore Romano
A calorosa hospitalidade recebida nos Eua, os desafios da Igreja naquela Nação, a vergonha pelos abusos sexuais cometidos por alguns sacerdotes, o processo de paz na Colômbia, a crise migratória, os processos matrimoniais, a objecção de consciência, a China, as religiosas norte-americanas e as mulheres na Igreja, o poder do Papa: foram estes os principais pontos da conferência de imprensa de Francisco que, durante o voo de regresso de Filadélfia — onde a 27 de Setembro, com a missa de encerramento do encontro mundial das famílias, terminou a viagem papal — respondeu por mais de 45 minutos a uma dúzia de perguntas.


O Pontífice disse que ficou surpreendido pela hospitalidade recebida que, embora tenha sido diferente nas três cidades visitadas nos Eua, foi muito calorosa. E acrescentou que ficou impressionado também com as celebrações litúrgicas e com a oração dos fiéis. O desafio da Igreja, disse, consiste em continuar a permanecer ao lado deste povo, acompanhando-o tanto na alegria como nas dificuldades. E isto deve realizar-se, permanecendo ao lado das pessoas.

Sobre os abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero, o Papa disse que falou diante de todos os bispos do país, porque sentiu a necessidade de expressar compaixão pelo que aconteceu: algo muito desagradável, pelo que muitos pastores autênticos sofreram. Sem dúvida, os abusos existem em toda a parte, disse, mas quando quem os comete é um sacerdote, isto é gravíssimo, porque é uma traição da vocação presbiteral, que consiste também em fazer crescer o amor de Deus e, ao mesmo tempo, a maturidade afectiva dos jovens.

Quanto ao processo de paz na Colômbia, o Pontífice afirmou que recebeu com alívio a notícia, e que se sentiu partícipe desta aproximação entre o Governo e as Farc.

Sobre a imigração, ao contrário, Francisco frisou que hoje estamos diante de uma crise que deriva de um processo de longo período, porque a guerra da qual as pessoas fogem se combate há anos. Além disso, há a fome, que leva as pessoas a migrar. A África, disse ainda, é o continente explorado: primeiro a escravidão, depois os grandes recursos, e agora as guerras tribais, que escondem interesses económicos. Mas em vez de explorar, seria necessário investir, para evitar esta crise.

O Papa falou também das barreiras que são levantadas nalgumas regiões da Europa, afirmando que mais cedo ou mais tarde os muros desabam, e que contudo não são uma solução.

No que se refere à questão da nulidade matrimonial, o Pontífice reiterou que na reforma dos processos foi fechada a porta da via administrativa, através da qual podia entrar aquilo que alguém definiu «divórcio católico», e que a simplificação dos procedimentos já foi pedida pelos padres sinodais no ano passado. O matrimónio é um sacramento indissolúvel, e isto a Igreja não pode mudar. Os processos servem para provar que o que parecia sacramento não era tal. Além disso, há questões ligadas às segundas núpcias e à comunhão aos divorciados recasados que no entanto, disse o Papa, não são as únicas que serão enfrentadas no iminente Sínodo.

Falou-se inclusive de objecção de consciência, e Francisco afirmou qeu se trata de um direito, faz parte dos direitos humanos e é válida para todas as pessoas, portanto também quando se trata de um funcionário público. Negá-la significa negar um direito.

Depois, o Papa falou sobre a China, ressaltando que é uma grande Nação, portadora de uma imensa cultura. E afirmou que gostaria muito de visitar aquele país, acrescentando que ter uma Nação amiga como a China, com tantas possibilidades da fazer o bem, seria uma alegria.

Voltando a discorrer sobre questões americanas, o Pontífice disse que as religiosas são muito amadas nos Eua porque fizeram maravilhas nos campos da educação e da saúde. E reiterou que na Igreja as mulheres são mais importantes do que os homens, contudo realçando que há um pouco de atraso em matéria de teologia da mulher.

Quando lhe fizeram notar que nos Eua ele se tornou uma star, Francisco recordou que o título de um Papa é «servo dos servos de Deus». Os mass media usam o termo star, mas há outra verdade. Demasiadas estrelas apagaram-se. Ao contrário, frisou, ser servo dos servos de Deus não passa.

Enfim, respondendo a uma pergunta sobre a presença do presidente da câmara municipal de Roma, Ignazio Marino, na missa conclusiva do encontro mundial das famílias, o Papa desmentiu categoricamente que houve um convite da sua parte ou da parte dos organizadores.

Discursos do Papa

"Deus abençoe a América!": Francisco despede-se dos EUA

"Deus abençoe a América!": Francisco despede-se dos EUA

Filadélfia (RV) – Às 19h, hora local, o Papa Francisco deixou o Aeroporto de Filadélfia com destino a Roma, a bordo Boing 777 da America Airlines, concluindo a sua 10ª viagem apostólica internacional. No Aeroporto, o Pontífice foi recebido pelo Vice-Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden e família, e ovacionado por cerca de 500 pessoas.

Em seu discurso de despedida, dirigido às autoridades, bispos e amigos, Francisco diz que parte “com o coração cheio de gratidão e de esperança”. O Papa agradeceu a todos que “trabalharam ardorosamente para tornar possível e preparar o Encontro Mundial das Famílias”, em particular o Arcebispo Chaput e à Arquidiocese de Filadélfia.

O Papa agradeceu também às famílias que partilharam seus testemunhos durante o Encontro, dizendo “não ser fácil falar abertamente do próprio percurso na vida:

“Porém a sua sinceridade e humildade diante de Deus e de nós mostraram a beleza da vida familiar e toda a sua riqueza e variedade. Rezo para que estes dias de oração e reflexão sobre a importância da família para uma sociedade sadia possam encorajar as famílias a continuar a lutar pela santidade e a ver a Igreja como uma companheira fiel em toda e qualquer prova que tenham de enfrentar”.

O Santo Padre também agradeceu às Arquidioceses de Washington e Nova Iorque, afirmando ter sido “particularmente comovente a canonização de São Junípero Serra, que nos lembra a todos nós a chamada para ser discípulos missionários, bem como parar pessoalmente, junto com irmãos de outras religiões, no Ground Zero, local que recorda de forma eloquente o mistério do mal; mas sabemos com toda a certeza que o mal não terá jamais a última palavra e que, no plano misericordioso de Deus, triunfarão sobre tudo o amor e a paz”.

O Papa pediu ao Vice-Presidente para agradecer ao Presidente Obama e aos membros do Congresso, garantindo suas orações pelo povo americano, “uma terra que foi abençoada com enormes dons e oportunidades. Rezo para que sejais bons e generosos guardiões dos recursos humanos e materiais que vos foram confiados”.

Os momentos de oração em conjunto nas diversas cidades foram destacados, pois revela “a fé da Igreja bem radicada neste país”:

“As atenções que tivestes para comigo e a vossa recepção são sinal do vosso amor e fidelidade a Jesus. E é-o também a solicitude pelos pobres, os doentes e os sem-abrigo, os imigrantes, a vossa defesa da vida em todas as suas fases, bem como a preocupação com a vida familiar. Em tudo isto, reconheceis que Jesus está no meio de vós e que, cuidar um do outro, é solicitude pelo próprio Jesus”.

O Papa exortou a todos, especialmente os voluntários e benfeitores envolvidos no Encontro Mundial das Famílias, que não deixem apagar “o entusiasmo por Jesus, pela sua Igreja, pelas nossas famílias e a família maior da sociedade. Possam estes dias, passados juntos, dar frutos que permaneçam, e a generosidade e solicitude pelos outros possa continuar. Assim como recebemos muito de Deus – dons oferecidos a nós gratuitamente e não merecidos pelas nossas forças –, assim, em troca, procuremos também dar gratuitamente aos outros”.

“Rezarei por vós e vossas famílias, e peço-vos, por favor, para rezardes por mim. Deus vos abençoe a todos. Deus abençoe a América”, concluiu Francisco. (JE)



(from Vatican Radio)

Papa: vergonha pelos abusos, responsáveis prestarão contas

Papa: vergonha pelos abusos, responsáveis prestarão contas

O Papa Francisco se reuniu com vítimas de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja. Ele mesmo o anunciou domingo (27/09), antes de iniciar o seu discursos aos bispos da Filadélfia, na capela do Seminário São Carlos Borromeu.

“Ficaram gravadas no meu coração as histórias de dor e sofrimento dos menores que foram abusados sexualmente por sacerdotes. Continuo a cobrir-me de vergonha porque pessoas que tinham sob a sua responsabilidade o cuidados de menores os violaram e lhes causaram graves danos. Deus chora profundamente. Os crimes e pecados dos abusos sexuais em menores não podem ser mantidos em segredo por mais tempo. Comprometo-me por uma zelante vigilância da Igreja para proteger os menores e prometo que todos os responsáveis prestarão contas”.

Depois de pronunciar estas palavras, que não estavam previstas no seu discurso, Francisco revelou:

“Acabo de me encontrar com um grupo de pessoas abusadas, crianças que são ajudadas e acompanhadas aqui em Filadélfia com carinho pelo Arcebispo Chaput”.

Dom Charles Chaput foi nomeado em 2011 para assumir a Arquidiocese de Filadélfia na administração das comunidades mais feridas pelos escândalos de abusos sexuais nos EUA – naquele mesmo ano, por exemplo, 21 padres foram suspensos em decorrência do problema; a maioria dos episódios de abusos teria ocorrido entre as décadas de 1960 e 1980.

(from Vatican Radio)

Filadélfia: Papa exorta presos a uma reintegração moral e social

Filadélfia: Papa exorta presos a uma reintegração moral e social

Filadélfia (RV) – Após o Encontro com os Bispos, provenientes de diversos países, que participam do VIII Encontro Mundial das Famílias em Filadélfia, o Santo Padre deixou o Seminário São Carlos Borromeu e se transferiu de helicóptero para a Prisão Curram-Fromhold, a 27 km de distância.

Assista a um resumo em vídeo em nosso canal no YouTube

A penitenciária é dedicada a dois agentes da polícia carcerária, assassinados enquanto prestavam serviço naquela prisão, em 1973. Trata-se do maior cárcere masculino de Filadélfia, inaugurado em 1995, que hospeda quase dois mil e 800 detentos.

O Papa foi recebido pelos responsáveis da penitenciária e pelo capelão, que o acompanharam até o salão, onde estavam reunidos 100 detidos.

Após a saudação do Arcebispo de Filadélfia, Dom Charles Chaput, o Santo Padre pronunciou seu discurso, agradecendo a recepção e a possibilidade de estar ali, compartilhando um momento da vida deles, difícil e cheia de tensões, também para as suas famílias e a própria sociedade.

O Papa disse visitar aquela prisão como pastor, mas sobretudo como irmão, para rezar com eles e encorajá-los. Por isso, citou a passagem evangélica do lava-pés, um nobre gesto de serviço, de humildade, de vida. Jesus procura curar as nossas feridas, as nossas chagas, a nossa solidão. Ele vem ao nosso encontro para nos dar a vida, a dignidade de filhos de Deus, a fé e a esperança.

Em nossa vida, continuou o Pontífice, precisamos sempre ser purificados e encorajados. Neste período de detenção, de modo particular, é necessária uma mão que ajude a reintegração social, desejada por todos: reclusos, famílias, funcionários, políticas sociais e educativas. Uma reintegração que beneficia e eleva o nível moral de todos.

Por isso, o Santo Padre fez votos de que se possa criar novas oportunidades para os presos, seus familiares, os funcionários, enfim, para toda a sociedade. E concluiu:

“Quero encorajá-los a manter esta atitude entre vocês e entre todas as pessoas, que de alguma maneira fazem parte deste Instituto. Sejam artífices de oportunidades, artífices de novos caminhos. Todos temos que ser purificados. Despertemo-nos para a solidariedade. Fixemos os olhos em Jesus que nos lava os pés: Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Que a força do seu amor e da sua Ressurreição seja sempre um meio para a vida nova”. (MT)


(from Vatican Radio)

Cracóvia: encontro dos jovens com Jesus misericordioso

Cracóvia: encontro dos jovens com Jesus misericordioso

Cidade do Vaticano (RV) – “O encontro do Papa com os jovens em Cracóvia é o encontro com Jesus misericordioso”: assim o responsável pelo Setor Juventude do Pontifício Conselho para os Leigos, Pe. João Chagas, comenta a mensagem de Francisco para a Jornada Mundial da Juventude de Cracóvia 2016 e os preparativos para o evento.

Nesta entrevista ao Programa Brasileiro, Pe. João Chagas relata que os contatos do Pontifício Conselho com Cracóvia são diários, as inscrições tem tido um interesse muito grande e que os desafios  não faltam.

Ao Programa Brasileiro, Pe. João fala também do convite que o Papa faz aos jovens na mensagem, de escolherem uma obra de misericórdia corporal e espiritual nos meses que antecedem a Jornada.

(BF)

(from Vatican Radio)

Dublin sediará Encontro Mundial das Famílias em 2018

Dublin sediará Encontro Mundial das Famílias em 2018

Filadélfia (RV) -  Dublin, na Irlanda, sediará o próximo Encontro Mundial das Famílias, em 2018. O anúncio foi feito pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Família, Dom Vincenzo Paglia, ao final da celebração conclusiva do encontro da Filadélfia.

"Eu tenho a alegria em anunciar que o Santo Padre decidiu que o próximo Encontro Mundial das Famílias será realizado em 2018 em Dublin, Irlanda".

Antes do anúncio, o Arcebispo Vincenzo Paglia ressaltou que  neste encontro “vemos claramente a fraternidade entre todos, aqui compreendemos melhor a terra como casa comum, o empenho em abrir as portas a todos. Na família nunca se é estrangeiro, na família não se fecham nunca as portas aos filhos, mesmo quando se afastaram”. “O milagre destes dias – enfatizou – somos chamados a vivê-lo todos os dias, particularmente neste ano da misericórdia que está para ser aberto. Obrigado Santo Padre, por este grande dom!”.

O Presidente do Pontifício Conselho para a Família antecipou que em 27 de dezembro próximo, Festa da Sagrada Família de Nazaré, será celebrado em todas as dioceses o Jubileu das Famílias. “Abrir-se-ão para as famílias cristãs as portas das catedrais e dos santuários”. E em resposta aos apelos do Papa Francisco em favor dos refugiados, Dom Paglia afirmou, que “de nosso lado, deverão abrir-se as portas das casas das famílias em todas as partes do mundo onde existem refugiados para acolhê-los". “Os acolheremos também nós. As portas de nossas casas, as portas de nosso coração estarão abertas. É uma profecia que as famílias cristãs são chamadas a viver e a testemunhar”.

Cinco famílias de cinco grandes cidades de diferentes continentes receberam do Papa Francisco um Evangelho para levarem às periferias de suas cidades: Havana, Kinshasa, Marselha, Hanói e Sydnei, às quais foi acrescentada uma família da Síria, que "deixaram atrás de si as bombas. Mas não permanecerão aqui, voltarão a Damasco para levar o Evangelho para que cure as feridas, conforte na dor e leve esperança". Uma coleta será destinada às vítimas do conflito na Síria. (JE)

(from Vatican Radio)

Pe. Lombardi: EUA admirado com humanidade do Papa Francisco

Pe. Lombardi: EUA admirado com humanidade do Papa Francisco

Cidade do Vaticano (RV) - Com a chegada às 10h da manhã desta segunda-feira ao aeroporto Ciampino de Roma, o Papa Francisco concluiu a 10ª Viagem Apostólica Internacional de seu Pontificado, cuja visita – tanto a Cuba quanto aos EUA – foi profundamente marcada pelo tema da família. Entrevistado pela Rádio Vaticano, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, atém-se aos momentos candentes da visita aos EUA.

Pe. Federico Lombardi:- “O Papa sempre destacou – desde Cuba – que a questão da família era, de certo modo, a temática que o levara a fazer essa viagem, que, de fato, se concluía em Filadélfia para o Encontro mundial. Francisco recordou o tema da família em cada um dos discursos importantes desta viagem: recordou-o falando diante do presidente Obama; diante do Congresso dos EUA, diante das Nações Unidas. O Papa falou sobre a gravidade das questões que dizem respeito à situação da família e do matrimônio no momento histórico atual. Portanto, mesmo se o clima – felizmente – era de muita festa, muita alegria, era de anúncio de uma palavra positiva do Evangelho, da família na sua perspectiva cristã, porém, estava muito presente a consciência da seriedade da situação das interrogações sobre o futuro da humanidade, inclusive no que tange ao modo em que se vive, tutela ou não a célula fundamental que é a família. Naturalmente, nas grandes concentrações houve todo o entusiasmo da população dos EUA – das três grandes cidades que foram visitadas – para ver o Papa, para ouvi-lo, para entrar em contato com ele. E se via que o Papa chegava encontrando um interesse, uma simpatia, uma disponibilidade excepcional do povo em geral, realmente muito, muito notável. E o que impressiona – ressaltou-o também o presidente Obama, o secretário-geral Ban Ki-moon, vários outros – é justamente, de certo modo, a humanidade deste Papa, a sua capacidade de estabelecer uma relação com as pessoas, que expressa proximidade, solidariedade. Existe essa atração – digamos – da sua figura humana, que lhe dá a possibilidade de dizer palavras, por vezes também incômodas, mas claras e orientadoras, para a humanidade de hoje. Os elementos deste entusiasmo e deste desejo do povo estadunidense eram muito evidentes e também a cobertura midiática dada a esta presença do Papa foi grandiosa.”

RV: Suas palavras recordam-me aquilo que o Papa Francisco disse aos organizadores despedindo-se no aeroporto de Filadélfia: “Sejam generosos. Continuem sendo entusiastas da mensagem do Evangelho, olhem sempre para os pobres nesta terra que foi abençoada por muitas oportunidades”...

Pe. Federico Lombardi:- “Sim, o Papa – também ele – foi ao povo estadunidense com uma grandíssima amizade, com uma enorme disponibilidade e benevolência, para colher seus valores, para entrar em diálogo com ele, compreendendo a grande história de liberdade, de democracia, de pluralismo, de construção de uma grande nação, a partir da imigração de tantas diferentes origens, mesmo tendo todas suas mensagens a dar de responsabilidade, de necessidade de compromisso e de mudança para o futuro, sob diferentes aspectos, quer no tocante ao acolhimento dos migrantes, quer no tocante ao cuidado do ambiente, as responsabilidade em nível internacional e assim por diante... Todas essas foram coisas que o Papa disse, mas soube dizê-las partindo de uma base, de uma premissa de compreensão repleta de respeito e de admiração pelos valores da história deste grande país.”

RV: Olhando de modo geral para essa décima viagem apostólica – a mais longa até então do Papa Francisco –, a título de impressão pessoal, o que, nesse primeiro momento, fica mais evidente para o senhor?

Pe. Federico Lombardi:- "Diria que do ponto de vista emotivo da experiência humana, ficou-me impressa a simpatia que se respirava na Sala do Congresso à espera do Papa... Era uma atmosfera realmente de festa. Inclusive pensando e sabendo que tipo de debates, de divisões e de tensões se realizam naquela sala, também neste período: o presidente da Câmara de Representantes do Congresso dos EUA renunciou no dia seguinte ao da visita do Papa, provavelmente devido a dificuldades da sua situação e de seu serviço. Porém, se via que todos os presentes estavam enormemente interessados e disponíveis a ouvir o que Papa  teria a dizer. Achei também muito emocionante o momento no Ground Zero, na cerimônia inter-religiosa, naquele lugar terrível de manifestação do mal e do ódio, o Papa pôde – de certo modo – dar uma mensagem que traz uma luz de esperança, justamente baseada no amor e na generosidade que acompanharam naqueles dias a terrível manifestação do mal, respondendo, ao invés, com um amor pronto ao sacrifício da vida generosamente para buscar salvar as vidas das pessoas atingidas, como todos os bombeiros e o pessoal da segurança. Certamente, o calor humano do encontro fica muito impresso na memória. Em particular, em Nova Iorque, esse entusiasmo se manifestou na Missa no Madison Square Garden, que sendo um ambiente fechado, mesmo sendo de grandes dimensões, se prestava muito a constituir aquela comunidade que se sentia unida em torno a seu pastor. Além disso, fiquei muito impressionado com o encontro com os detentos: num ambiente impressionante, em que toda a arquitetura expressa isolamento, fechamento, limite das possibilidades de expressão. Essa mensagem tão cordial, tão capaz de convidar a olhar para além e a olhar para a esperança que o Papa deu. Foi, particularmente, uma eficaz e profunda manifestação da proximidade aos últimos.” (RL)

(from Vatican Radio)

“Papa não é celebridade, é Servo dos servos de Deus”, diz Francisco aos jornalistas

“Papa não é celebridade, é Servo dos servos de Deus”, diz Francisco aos jornalistas


Cidade do Vaticano (RV) – Na tradicional conversa a bordo com os jornalistas realizada ao final das viagens, o Papa disse que não é uma “estrela” mas que o Pontífice é o “Servo dos servos de Deus”. Francisco ainda declarou-se surpreendido pela “calorosa” acolhida recebida nos Estados Unidos. Falou ainda que o maior desafio para a Igreja nos EUA é estar próxima das pessoas e que “foi duro” com os bispos acerca dos abusos sexuais.

Santo Padre, nos Estados Unidos, o senhor virou uma “star”. É bom para a Igreja que o Papa seja uma celebridade?

“O Papa deve… Sabes qual era o título que os Papas usavam e que se deve usar? Servo dos servos de Deus. É um pouco diferente de uma celebridade. As estrelas são bonitas de se ver, eu gosto de vê-las quando o céu está limpo no verão... Mas o Papa deve ser – deve ser! – o Servo dos servos de Deus. Sim, na imprensa se usa isso, mas há uma outra verdade: quantas estrelas vimos que depois se apagam e caem. É uma coisa passageira. Ao invés, ser ‘Servo dos servos de Deus’, isso é bonito! Não passa! Não sei… Assim, penso eu”

“Divórcio católico”

Sobre o seu recente Motu Proprio que facilitou o processo de nulidade matrimonial, o Papa reiterou que o “divórcio católico” não existe. “Ou não foi matrimônio – e esta é a nulidade, não existiu – e se existiu é indissolúvel. Isto é claro”.

China

Ao recordar que já se havia manifestado sobre seu desejo de ver estabelecidas relações diplomáticas entre Santa Sé e China, o Papa disse que “existem contatos e diálogo”. “Para mim, ter um país amigo como a China, que tem tanta cultura e tanta possibilidade de fazer bem, seria uma alegria”.

Colômbia

Sobre o acordo de paz na Colômbia, o Papa disse sentir-se parte não por ter uma atuação direta e sim porque “sempre desejou isso”. “Falei duas vezes com o presidente Juan Manuel Santos sobre o problema, e a Santa Sé – não somente eu – a Santa Sé está aberta a ajudar como puder”.

Objeção de consciência

No contexto de uma resposta sobre “funcionários do governo” que se rejeitam realizar o trabalho segundo a lei, o Papa disse que a objeção de consciência é um direito humano. “Se a uma pessoa não é permitido exercer a objeção de consciência, essa é a negação de um direito”.

“Sucesso” da viagem

Ao ser questionado se se “sentia mais forte” após o sucesso da viagem, Francisco afirmou que deve continuar no caminho do serviço porque sente que ainda não faz tudo o que deve fazer. “Este é o sentido que eu tenho de poder”, respondeu. “Não sei se tive sucesso ou não. Mas tenho medo de mim mesmo, porque se eu tenho medo de mim mesmo, me sinto sempre – não sei – frágil, no sentido de não ter poder, o poder é também uma coisa passageira: hoje existe, amanhã não... Jesus definiu o poder: o verdadeiro poder é servir”.

“Mulheres” sacerdotisas

Questionado sobre se, um dia, a Igreja católica terá mulheres sacerdotisas, o Papa afirmou que “isso não se pode fazer”. Contudo, admitiu: “Estamos um pouco atrasados no desenvolvimento de uma teologia da mulher. Devemos seguir adiante com essa teologia. Isso sim, é verdadeiro”. (RB)

Papa Francisco chega a Roma

Papa Francisco chega a Roma

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco chegou a Roma, ao aeroporto de Ciampino, na manhã desta segunda-feira (28/09), às 10h locais, concluindo sua 10ª Viagem Apostólica Internacional que o levou a Cuba e Estados Unidos.

Do aeroporto o pontífice se dirigiu diretamente à Basílica de Santa Maria Maior para um momento de oração e agradecimento a Nossa Senhora, Salus Populi Romani.

Antes de partir para Cuba e Estados, Francisco foi ao templo mariano, no último dia 18, para pedir à Mãe de Deus ajuda e proteção. É a 25ª vez que o Papa Francisco visita a Basílica de Santa Maria Maior.

Ao chegar à Cidade Eterna, Francisco tuitou: De coração vos agradeço. O amor de Cristo guie sempre o povo americano! (MJ)

(from Vatican Radio)

domingo, 27 de setembro de 2015

Diante da plateia do mundo

Diante da plateia do mundo

2015-09-26 L’Osservatore Romano
Quando o Papa Francisco chegou à sede das Nações Unidas em Nova Iorque, desfraldava também a bandeira da Santa Sé diante da entrada.

Escolha não casual num dia de grande solenidade para a organização internacional. E com solenidade e entusiasmo o Pontífice foi recebido na manhã de 25 de Setembro, ao entrar na sala da assembleia geral, que apreciou o seu discurso, interrompendo-o vinte e sete vezes e, no final, saudando-o por uma standing ovation. Uma intervenção esperada numa ocasião importante, para uma mensagem de confiança nas capacidades de incidir no futuro; mas sobretudo uma exortação ao compromisso de quantos têm o poder e a responsabilidade de melhorar o mundo, para o bem dos povos e do planeta.

Precisamente em virtude dos temas abordados e da prestigiosa plateia à qual se dirigiu — com dezenas de chefes de Estado e de Governo que assinarão o Programa para o Desenvolvimento 2015-2030 — este foi um dos momentos mais significativos da viagem do Papa Francisco, quarto Pontífice que proferiu um discurso no Palácio de Vidro. Antes dele, Paulo VI a 4 de Outubro de 1965, João Paulo II a 2 de Outubro de 1979 e a 5 de Outubro de 1995, e Bento XVI no dia 18 de Abril de 2008. E a sua intervenção coincidiu com o início da septuagésima assembleia geral.

Gaetano Vallini

No coração de Nova Iorque

No coração de Nova Iorque

2015-09-26 L’Osservatore Romano
Em Filadélfia, última etapa da terceira viagem americana de Bergoglio, o Papa conclui o encontro mundial das famílias. Com efeito o tema crucial da família, no centro das suas preocupações e do iminente sínodo, foi mencionado várias vezes neste itinerário cubano e norte-americano, durante o qual o Pontífice — como em cinquenta anos três dos seus predecessores (por quatro vezes) — falou à assembleia geral das Nações Unidas. Suscitou enorme interesse nos meios de comunicação internacionais o longo discurso aos representantes do mundo inteiro, mas igual impacto tiveram também os encontros papais no coração de Nova Iorque, encerrados por uma missa solene no Madison Square Garden.

Deus vive nas nossas cidades e é possível ver a sua luz caminhando nas trevas, segundo a imagem de Isaías. Trevas e nevoeiro que, na homilia conclusiva da visita à grande metrópole, o Papa actualizou com muita eficácia: «O povo que caminha, respira, vive no meio do smog, viu uma grande luz, experimentou um ar de vida». E saber que Jesus — conselheiro admirável, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da paz, segundo a descrição profética — caminha nesta única história de salvação enche de esperança: induzindo ao encontro com o próximo, mostrando-se presente na vida diária como intuiu Teresa de Ávila, misericordioso, doador da verdadeira paz.

Palavras que parecem ter ressoado e resumido o encontro, simples e enternecedor, do Pontífice com algumas famílias de imigrantes — sobretudo crianças e jovens ajudados pelas Charities católicas — numa paróquia de Harlem, um dos bairros nova-iorquinos mais desfavorecidos e difíceis: onde não há alegria, ali age o diabo porque, ao contrário, Jesus traz e quer a alegria, disse. Mas a presença de Deus é visível inclusive nas realidades mais trágicas, onde «a dor é palpável». Como no impressionante memorial de 11 de Setembro no Ground Zero, onde surgiam as Twin Towers e onde já Bento XVI tinha rezado no frio de uma cinzenta manhã de Abril.

Num lugar que agora a vontade e a memória dos nova-iorquinos souberam transformar de modo admirável, mostrando deste modo a ferida atroz infligida por quem cometeu a injustiça e o fratricídio. Aqui o Papa participou num comovedor testemunho de paz e de oração, com mulheres e homens de diferentes religiões — hindus, budistas, siques, cristãos, muçulmanos, judeus — que permanecerá um dos símbolos mais excelsos do pontificado, «sinal vigoroso das nossas vontades de compartilhar e de reiterar o desejo de sermos forças de reconciliação, forças de paz e de justiça nesta comunidade» e no mundo inteiro.

E à comunidade mundial — como Paulo VI pela primeira vez há cinquenta anos, a 4 de Outubro de 1965 — Francisco dirigiu-se directamente. Com um discurso às Nações Unidas, tanto abrangente quanto importante que, sem esconder os limites e os problemas abertos, ressoou como um apoio claro à instituição, a tal ponto que «se faltasse toda esta actividade internacional, a humanidade poderia não ter sobrevivido ao uso descontrolado das suas próprias potencialidades», disse o Papa no início da sua longa intervenção.

O meio ambiente, os excluídos, a guerra, as armas, o caminho da negociação e o narcotráfico foram os pontos principais desenvolvidos por Bergoglio que, concluindo, quis fazer suas as palavras finais do histórico discurso de Montini: «O perigo não vem nem do progresso nem da ciência que, bem utilizados, poderão, pelo contrário, resolver um grande número dos graves problemas que assaltam a humanidade. O verdadeiro perigo está no homem, que dispõe de instrumentos cada vez mais poderosos, aptos tanto para a ruína como para as mais elevadas conquistas. Em síntese, o edifício da civilização moderna deve construir-se sobre princípios espirituais, os únicos capazes não apenas de o sustentar, mas também de o iluminar e animar».

Uma rosa branca pelas vítimas no Ground Zero

Uma rosa branca pelas vítimas no Ground Zero

Uma rosa branca em memória das 2.979 vítimas e uma prece silenciosa, recitada ao lado da fonte do sul, uma das duas construídas onde surgiam as Twin Towers, na qual foram gravados os nomes de quantos aí pereceram. Começou assim, na manhã de 25 de Setembro, a visita do Papa Francisco ao Ground Zero, segunda etapa de um dia denso de compromissos. Ao chegar, visivelmente comovido, o Pontífice encontrou-se com um agente de polícia em cadeira de rodas, uma das numerosas pessoas com os sinais indeléveis da tremenda tragédia de 11 de Setembro de 2001.

Acompanhado pelo cardeal Thimoty Dolan, arcebispo de Nova Iorque, o Papa saudou os familiares de vinte socorristas mortos. Depois, entrou no edifício do Memorial e desceu ao quarto andar subterrâneo e, a bordo de um carro eléctrico, chegou à Foundation Hall para o encontro inter-religioso, por ele ardentemente desejado. Com efeito, quando aceitou o convite a visitar também o Ground Zero, Francisco disse imediatamente que teria preferido que não fosse apenas uma ocasião para orar pelas vítimas do terrível atentado, mas também para rezar pela paz, em união com representantes de todas as religiões.

Assim, no lugar onde surgia o World Trade Center, pela primeira vez encontraram-se expoentes de várias religiões e credos. Doze deles receberam o Papa no pódio, montado ao lado dos restos de um pilar de uma das torres desabadas, enquanto dezenas de outros estavam no meio da plateia realizada no Memorial, acompanhados de numerosos convidados, entre os quais Rudolph Giuliani, naquela época presidente da câmara municipal, e o governador do Estado, Cuomo.

Gaetano Vallini

Papa: religiões unidas pela paz e tolerância

Papa: religiões unidas pela paz e tolerância

Foi no Independence Mall de Filadélfia, local simbólico da independência dos Estados Unidos da América, que o Papa Francisco presidiu a um encontro sobre liberdade religiosa neste sábado dia 26 de setembro. O Santo Padre apelou ao diálogo entre os vários credos para a promoção dos direitos humanos.

No seu discurso o Papa Francisco começou por salientar que foi naquele lugar que “foram proclamadas pela primeira vez as liberdades” nos Estados Unidos. “A Declaração de Independência afirmou que todos os homens e todas as mulheres são criados iguais” – sublinhou o Papa – e a nação norte-americana revelou na sua história um “esforço constante para encarnar estes altos princípios na sua vida social e política”.

Fazer memória permite não fazer os erros do passado – referiu o Santo Padre que afirmou a liberdade religiosa como um direito fundamental:

“Neste lugar, que é um símbolo do espírito americano, quereria refletir convosco sobre o direito à liberdade religiosa. É um direito fundamental que dá forma ao nosso modo de como interagimos social e pessoalmente com os nossos vizinhos que têm crenças religiosas diferentes das nossas. O ideal do diálogo inter-religioso onde todos os homens e mulheres de diferentes tradições religiosas podem dialogar sem lutar. É isso que dá a liberdade religiosa.”

A liberdade religiosa implica o direito de adorar a Deus, mas vai para além disso, transcendendo os lugares de culto e a esfera dos indivíduos e das famílias – declarou o Papa Francisco:

“A liberdade religiosa sem dúvida comporta o direito de adorar a Deus, individual e comunitariamente, de acordo com a própria consciência. Mas, por outro lado, a liberdade religiosa transcende, por sua natureza, os lugares de culto, e a esfera dos indivíduos e das famílias. Porque a dimensão religiosa não é uma subcultura é parte da cultura de qualquer povo e de qualquer nação.”

As tradições religiosas servem a sociedade, vivem uma liberdade irredutível contra as pretensões do poder absoluto, estimulando o pensamento, engrandecendo a mente e chamando à reconciliação e ao serviço do bem comum – afirmou o Papa no seu discurso, deixando claro que, no mundo atual, onde existem tiranias, as diferentes religiões devem unir-se pela paz e pela tolerância:

 “Num mundo onde as diferentes formas de tirania moderna procuram suprimir a liberdade religiosa, ou reduzi-la a uma subcultura sem direito a voz na esfera pública, ou ainda usar a religião como pretexto para o ódio e a brutalidade, torna-se forçoso que os seguidores das diferentes religiões unam a sua voz para invocar a paz, a tolerância, o respeito pela dignidade e os direitos dos outros.”

O Papa Francisco recordou, a este propósito, o exemplo dos “Quakers” que fundaram Filadélfia” e “viviam inspirados por um profundo sentido evangélico da dignidade de cada pessoa e pelo ideal duma comunidade unida pelo amor fraterno”.

Na conclusão do seu discurso o Santo Padre, dirigindo-se aos muitos hispânicos presentes neste encontro, disse-lhes para não se envergonharem das suas “tradições” e para não se esquecerem das “lições” dos antepassados.

(RS)

(from Vatican Radio)

Papa com as famílias: a família tem cidadania divina

Papa com as famílias: a família tem cidadania divina

No final da tarde deste sábado, 26 de setembro, o Papa Francisco encontrou-se com as famílias reunidas em Filadélfia no seu VIII Encontro Mundial.

Testemunhos, orações, histórias de vida e canções encheram de alegria e esperança o Benjamin Franklin Parkway de Filadélfia. A todas as famílias o Santo Padre escutou com atenção e dirigiu-lhes algumas palavras falando de improviso em língua espanhola.

O Papa Francisco começou por agradecer os testemunhos que foram apresentados e afirmou que um testemunho verdadeiro leva-nos a Deus porque Deus é Verdade, Beleza e Bondade. Sublinhou também que Deus é Amor e recordou uma pergunta que uma vez uma criança lhe fez e que se interrogava com o que fazia Deus antes de criar o mundo. O Santo Padre, confessando-se surpreendido com a questão, disse ao menino que Deus antes da Criação amava, porque Deus é Amor!

E o Amor de Deus é tal – continuou o Papa – que criou o homem e a mulher e entregou-lhes o mundo. Um mundo onde existe a divisão e a guerra e onde irmãos matam irmãos – disse o Papa que recordou que Deus não nos abandona e mandou-nos o seu próprio “Filho” como “expressão do Seu Amor”. E não o enviou para um palácio, para uma cidade ou para uma empresa, mas “para uma família”. “Deus entrou no mundo numa família”.

Deus bateu à porta de uma família e Maria e José foram obedientes – afirmou o Papa que declarou que a família tem cidadania divina, num bilhete de identidade dado por Deus para que as “famílias cresçam em bondade, verdade e beleza”.

O Santo Padre no seu discurso improvisado não deixou de falar nos muitos problemas das famílias, na relação conjugal e também com os filhos, afirmando que nas famílias há sempre “cruz”, mas que também há depois “ressurreição” porque a família é uma “fábrica de esperança”. As dificuldades só se superam com o Amor – afirmou o Papa Francisco.

No final da sua intervenção o Santo Padre invocou as crianças e os avós. As crianças são a força e os avós a memória. Cuidar de uns e de outros promete-nos o futuro.

O Papa Francisco a todos abençoou e pediu para cuidarem e defenderem a família porque “é aí que se joga o nosso futuro”.

(RS)

(from Vatican Radio)

Vítima do regime czarista será beatificada na Polônia

Vítima do regime czarista será beatificada na Polônia

Cracóvia (RV) - O Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, preside, neste domingo (27/9), em Cracóvia, em nome do Papa Francisco, à solene celebração Eucarística de Beatificação de Clara Ludovica Szczesna.

Clara Ludovica nasceu em Cieszki, na diocese polonesa de Płock, em 18 de julho de 1863. Em agosto de 1885, participou de um retiro em Zakroczym, pregado pelo capuchinho Frei Onorato Koźmiński, hoje Beato. No mês seguinte, entrou para a Congregação clandestina das Servas de Jesus.

Em 1889, depois de um período de treinamento em Varsóvia, ainda noviça, foi enviada para Lublin como superiora da casa. Oficialmente, dirigia uma alfaiataria, mas, secretamente, exercia seu apostolado entre as jovens que buscavam trabalho. Durante uma inspeção da polícia do regime czarista, fortemente hostil à religião católica, foi encontrado um livro de catecismo. Por isso, sendo considerada culpada, foi obrigada a deixar imediatamente a cidade.

Seu diretor espiritual, Padre Antônio Nojszewski, ao se despedir dela, a aconselhou a difundir, por toda parte, o culto ao Sagrado Coração de Jesus. Ao voltar para Varsóvia, vivia no temor de cair novamente sob o controle da polícia.

Desta forma, Clara Ludovica experimentou, pessoalmente, discriminações e hostilidades do regime czarista contra os católicos poloneses, durante a ocupação russa.

No entanto, o Bispo José Sebastião Pelczar, hoje venerado como santo, pediu ao Frei Honorato para enviar uma Irmã como diretora do asilo das empregadas domésticas, em Cracóvia. Clara Ludovica foi escolhida com uma noviça e uma postulante. Durante o trabalho, as religiosas tentaram formar espiritualmente as domésticas com muito proveito, a ponto de algumas se tornar consagradas.

Clara Ludovica foi co-fundadora da Congregação das Servas do Sagrado Coração de Jesus, fundada em 15 de abril de 1894, da qual foi superiora por 22 anos, até falecer em Cracóvia, em 7 de fevereiro de 1916. (MT)

(from Vatican Radio)

Papa na Festa das Famílias: “A família tem cidadania divina”

Papa na Festa das Famílias: “A família tem cidadania divina”

Filadélfia (RV) – Centenas de milhares de pessoas acolheram o Papa na sua chegada ao Encontro Mundial das Famílias, em Filadélfia, na noite do sábado (26/9). No palco, o espetáculo foi conduzido por grandes nomes da música dos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, pela emoção dos testemunhos das famílias. Após ouvir diversos testemunhos de famílias das mais diferentes realidades que compartilharam as experiências de vida, o Papa iniciou a sua reflexão, deixando de lado o discurso preparado e falando de coração.

 “Queridos irmãos e irmãs, queridas famílias

 A beleza nos leva a Deus. Um testemunho verdadeiro nos leva a Deus. Porque Deus também é verdade. Beleza e Verdade. E um testemunho dado para servir é bom, nos faz bons, porque Deus é bondade. Todos os bons, todos os verdadeiros, toda a beleza nos levam a Deus, porque Deus é bom, é belo, é verdade. Obrigado a todos, a todos que deram testemunho, e a presença de vocês que também é um testemunho de que vale a pena a vida em família.  De que uma sociedade cresce forte, cresce boa, cresce sólida se se edifica na família.

Uma vez, uma criança me perguntou. Sabem, crianças fazem perguntas difíceis. Padre, o que Deus fazia antes de criar o mundo?

Lhes asseguro que me custou muito responder. E disse o que vou dizer agora: antes de criar o mundo, Deus amava, porque Deus é amor.

Era tal o amor, do Pai, Filho e Espirito Santo que transbordava, não sei se e muito teológico, era tão grande que não poderia ser egoísta, tinha que sair de si mesmo. Para compartilhar o amor quem ele amava, e então Ele criou esse mundo lindo em que vivemos. E, por estarmos um pouco confusos, o estamos  destruindo. Mas o mais lindo que Deus fez foi a família.

Criou o homem e a mulher, e lhes entregou tudo. O mundo. Cresçam, multipliquem-se, cultivem a terra, façam produzir, crescer, com todo o amor que fez a Criação, entregou a uma família. Todo o amor, a beleza e entrega a família... quando essa abre os braços e recebe.

Não existe paraíso na terra. Existem problemas, porque por astúcia do diabo os homens aprenderam a se dividir. Todo esse amor que Deus nos deu, foi quase perdido. Em pouco tempo, o primeiro crime, o primeiro fratricídio. Um irmão mata outro irmão. A guerra, o amor, a beleza e a verdade de Deus e a destruição da guerra, e entre essas duas posições, caminhamos hoje.

Cabe a nos escolher, decidir o caminho que queremos seguir. Vamos para trás...quando o homem e sua mulher se equivocaram, Deus não os abandonou. É muito grande o amor de Deus, que começou então a caminhar com seu povo até que chegou o momento justo e deu a maior expressão de seu Amor, seu Filho: e para onde mandou seu Filho? A um palácio, uma empresa... não, mandou-O a uma família.

Pôde fazer isso porque era uma família que tinha o amor aberto ao coração, as portas abertas. Pensemos em Maria, não poderia acreditar. Como isso pode acontecer? Quando explicaram, ela obedeceu. Pensemos em José, cheio de planos e, de repente, se encontra nessa situação que não entende, mas aceita. E em obediência, de amor de Maria e José, se dá uma família em que Deus vem. Deus sempre bate às portas dos corações. Ele gosta de fazer isso. Ele sai de dentro. Mas sabe o que mais gosta? Bater às portas das famílias, encontrar famílias que se amam, que fazem crescer seus filhos, que os levam adiante, que criam uma sociedade de bondade, de verdade e de beleza.

Estamos na festa da família. A família tem cidadania divina. A carta de identidade que elas têm foi dada por Deus para que no coração da famílias cresçam a bondade, verdade e beleza.

Alguns podem dizer. Padre, você fala isso porque é solteiro. A família tem dificuldade. Em família discutimos. A família, às vezes quebra pratos. Nas famílias, os filhos dão dor de cabeça, não falemos das sogras.

Mas, nas famílias, sempre há cruz. Porque o amor de Deus, do Filho de Deus, também nos abriu esse caminho. Mas nas famílias depois da cruz há ressurreição, porque o Filho de Deus nos abriu esse caminho. Por isso a família é uma fábrica de esperança, de esperança e ressurreição. Deus abriu este caminho e os filhos, dão trabalho, sim. Nós como filhos demos trabalho. Às vezes, em casa, vejo alguns de meus colaboradores que vêm trabalhar com olheiras, que têm um bebe de 1 mês, 2 meses...e pergunto: não dormiste? - Não pude porque eles não dormiram a noite toda. Na família há dificuldades. Mas essas dificuldades se superam com amor. O ódio não supera nenhuma dificuldade.

A divisão dos corações não supera nenhuma dificuldade. Somente o amor é capaz de superar. O amor é festa. O amor é alegria. O amor é seguir em frente. Não quero falar muito porque já é tarde, mas queria dizer de dois pontos sobre as famílias.

Queria que se tivesse... não só queria, mas temos que ter cuidado: das crianças e dos avós.

As crianças e os jovens são a força, são aqueles nos quais colocamos as esperanças. Os avós são a memória das famílias. São os que nos deram a fé, nos transmitiram a fé. Cuidar dos avós e das crianças é a mostra do amor, não sei se maior, mas mais promissor da família, porque promete o futuro. Um povo que não sabe cuidar das crianças e um povo que não sabe cuidar dos avós é um povo sem futuro. Porque não tem a força e não tem a memória que o leva adiante.

A família é beleza, mas tem problemas. Às vezes há inimizades. Maridos que brigam com as mulheres, os filhos que não se entendem com os pais. Lhes sugiro um conselho: nunca terminem um dia sem fazer as pazes. Em uma família não se pode terminar o dia em guerra. Que Deus os abençoe. Que Deus lhes dê a força que lhes anime a seguir adiante. Cuidemos a família, defendamos a família, porque aí está em jogo o nosso futuro. Rezem por mim”. (RB)

(from Vatican Radio)