quinta-feira, 23 de junho de 2016

Papa: tocar o pobre é tocar o corpo de Cristo

Papa: tocar o pobre é tocar o corpo de Cristo

Quarta-feira, 22 de junho – na audiência geral na Praça de S. Pedro o Papa Francisco afirmou na sua catequese que tocar o pobre é tocar o corpo de Cristo. O Santo Padre sublinhou que tocar o pobre pode purificar da hipocrisia e tornar-nos inquietos pela sua condição.

Evangelho de S. Lucas, capítulo 5 – é deste endereço bíblico que Francisco parte para uma catequese plena de intensidade humana: um leproso dirige-se a Jesus e pede para ser purificado. Este homem vivia excluído – disse o Papa – mas não se resignava com a sua doença, nem com as normas sociais que faziam dele um excluído. Ele devia manter-se separado e longe de todos.

No entanto, este homem viola aquelas normas – observou o Santo Padre – entra na cidade e aproxima-se de Jesus. Na sua súplica, o leproso mostra-se certo de que Jesus tem poder para curá-lo; tudo depende da vontade d’Ele. “Senhor, se quiseres, podes purificar-me!” – esta é a súplica do leproso. Jesus toca-o e diz-lhe: “Quero, fica purificado!”

“A súplica do leproso mostra que quando nos apresentamos a Jesus não é necessário fazer longos discursos. Bastam poucas palavras, acompanhadas da plena confiança na sua omnipotência e na sua bondade. Confiarmo-nos à vontade de Deus significa, com efeito, submetermo-nos à sua infinita misericórdia.”

Neste momento da catequese o Papa Francisco cometeu uma pequena inconfidência e disse que, ele próprio, todas as noites, faz esta pequena oração: “Senhor se quiseres, podes purificar-me”, acompanhada por cinco Pai-Nossos por cada uma das chagas de Jesus.

Nesta passagem do Evangelho Jesus fica bastante impressionado com este leproso – assinalou o Santo Padre que referiu ainda que o texto de S. Marcos sublinha que Jesus “teve compaixão, estendeu-lhe a mão e tocou-o”. O gesto de Jesus vai contra as disposições da Lei de Moisés que proibia a aproximação aos leprosos. Mas o Senhor toca aquele leproso – disse Francisco que se interrogou se os cristãos, quando encontram um pobre e dão esmola, lhe tocam a mão:

“Quantas vezes encontramos um pobre que se aproxima de nós. Podemos até ser generosos, podemos até ter compaixão, mas habitualmente não o tocamos. Oferecemos-lhe a moeda, mas evitamos tocar-lhe a mão. E esquecemo-nos de que aquele é o corpo de Cristo! Jesus ensina-nos a não ter medo de tocar o pobre e o excluído, porque naquela pessoa está Ele próprio. Tocar o pobre pode purificar-nos da hipocrisia e tornar-nos inquietos pela sua condição.”

O Santo Padre referiu ainda na sua catequese o facto de junto de si nesta audiência estarem refugiados africanos. “São nossos irmãos” – disse o Papa assinalando os valores do acolhimento e da inclusão.

Nas saudações aos fiéis presentes na Praça de S. Pedro, o Santo Padre dirigiu-se também aos peregrinos de língua portuguesa:

“Queridos amigos de língua portuguesa, que hoje tomais parte neste Encontro, obrigado pela vossa presença e sobretudo pelas vossas orações! A todos saúdo, especialmente aos membros da Comunidade brasileira Doce Mãe de Deus e ao grupo de Escuteiros de Leiria, encorajo-vos a apostar em ideais grandes de serviço, que engrandecem o coração e tornam fecundos os vossos talentos. Sobre vós e vossas famílias desça a Bênção do Senhor!”

O Papa Francisco a todos deu a sua bênção!

(RS)

(from Vatican Radio)

Papa: Bento XVI, mestre da "teologia de joelhos"

Papa: Bento XVI, mestre da "teologia de joelhos"

Cidade do Vaticano (RV) - "Cada vez que leio as obras de Joseph Ratzinger - Bento XVI, fica sempre mais claro que ele fez e faz "teologia de joelhos". Na próxima terça-feira, 28 de junho, na Sala Clementina do Palácio Apostólico, serão celebrados solenemente os 65 anos de sacerdócio de Joseph Ratzinger, com a presença do Papa Francisco. E o Papa emérito receberá um presente especial: o primeiro livro de um projeto sobre temas fundamentais de seu pensamento, com o Prefácio escrito pelo Papa Bergoglio.


O livro dedicado ao "Sacerdócio" e publicado em seis línguas - alemão, francês, polonês, espanhol, inglês e italiano - é uma coletânea de escritos e pregações de Ratzinger aos sacerdotes.

Francisco usa uma expressão de Hans Urs von Balthasar - "Teologia de joelhos" - para elogiar o testemunho exemplar do predecessor: "Antes mesmo de ser um grandíssimo teólogo e mestre da fé, vê-se que é um homem que realmente acredita, que realmente reza; vê-se que é um homem que personifica a santidade, um homem de paz, um homem de Deus".

Em 24 de fevereiro de 2013, em seu último Angelus, Bento XVI explicou em uma frase memorável aquilo que faria após a "renúncia" ao pontificado: "O Senhor me chama para "subir a montanha", a dedicar-me ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja...".

Precisamente a esta imagem da oração de intercessão que Francisco se refere quando escreve que "talvez seja precisamente hoje, como Papa emérito", que Bento XVI "nos conceda em modo mais evidente uma entre as suas maiores lições de "teologia de joelhos". Renunciando "ao exercício ativo do ministério petrino", Bento XVI decidiu "dedicar-se totalmente ao serviço da oração". E do Mosteiro Mater Ecclesiae - completa Francisco - mostra o essencial aos sacerdotes: não o ativismo do "fazer" mas "rezar pelos outros, sem interrupção, alma e corpo".

Bento XVI está "constantemente mergulhado em Deus" - observa Bergoglio - e mostra o que é a verdadeira oração, o "fator decisivo" do qual a Igreja e o mundo têm necessidade "como e mais do que o pão" nesta "mudança de época". Rezar significa "confiar a Igreja a Deus" sabendo que "não é nossa, mas Sua"; confiar a Deus o mundo e a humanidade.

Ratzinger incarna o "profundo enraizamento em Deus sem o qual "toda a capacidade organizativa e toda a presumível superioridade intelectual, todo o dinheiro e o poder resultam inúteis" e os sacerdotes se reduzem a "assalariados", os bispos a "burocratas" e a Igreja a uma "ONG" supérflua.

O projeto, idealizado e curado pelo Professor Pierluca Azzaro e pelo Padre Carlos Granados, prevê outros seis livros sobre ciência e fé, Europa, "minorias criativas", política e fé, Universidade e Eucaristia.

Os escritos de Ratzinger foram selecionados pensando ao grande público, mas com um olhar científico. A introdução ao primeiro volume é do Cardeal Gerhard Ludwig Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e curador da opera omnia de Bento XVI publicado pela Livraria Editora Vaticana. (JE)

(from Vatican Radio)