domingo, 25 de outubro de 2015

Sínodo: Bispos propõem discernimento em casos difíceis

Sínodo: Bispos propõem discernimento em casos difíceis

Cidade do Vaticano (RV) – Com a autorização do Papa, foi publicado na noite de sábado (24/10) o Relatório Final do XIV Sínodo ordinário sobre a Família. Composto de 94 parágrafos, votados singularmente, o documento foi aprovado por maioria de 2/3, ou seja, sempre com o mínimo de 177 votos. Os padres sinodais presentes eram 265.

Segundo Padre Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, apenas dois parágrafos obtiveram a maioria com margem limitada e são os que se referem a situações difíceis, como a abordagem pastoral às famílias feridas ou em situação irregular do ponto de vista canônico e disciplinar: convivências, casamentos civis, divorciados recasados e o caminho para se aproximar pastoralmente destes fiéis.

Indissolubilidade matrimonial

O Relatório define a doutrina da indissolubilidade do matrimônio sacramental como uma verdade fundada em Cristo mas ressalva que verdade e misericórdia convergem em Cristo e, portanto, convida ao acolhimento das famílias feridas. Os padres sinodais reiteram que os divorciados recasados não são excomungados e reafirmam que os pastores devem usar o discernimento para analisar as situações familiares mais complexas. O ponto 84 explica que a participação nas comunidades dos casais em segunda união pode se expressar em diferentes serviços: “Deve-se discernir quais formas de exclusão atualmente praticadas nos âmbitos litúrgico, pastoral, educativo e institucional podem ser superadas”.

Discernimento

À situação específica dos casais em segunda união, o ponto 86 do documento faz referência a um percurso de acompanhamento e de discernimento espiritual com um sacerdote, pois a ninguém pode ser negada a misericórdia de Deus. Neste sentido, “para favorecer e aumentar a participação destes fiéis na vida da Igreja, devem ser asseguradas as condições de humildade, discrição, amor à Igreja e a seu ensinamento, na busca sincera da vontade de Deus e no desejo de dar uma resposta a ela”.

Em relação ao crescente fenômeno dos casais que convivem antes de se casar ou depois de um matrimônio sacramental, é uma situação que deve ser enfrentada de maneira construtiva e vista como uma oportunidade de conversão para a plenitude do matrimônio e da família, à luz do Evangelho.

Pessoas homossexuais e uniões homossexuais

Pessoas homossexuais não podem ser discriminadas, mas a Igreja é contrária às uniões entre pessoas do mesmo sexo. O Sínodo julga também inaceitável que as Igrejas locais sofram pressões neste campo e que organismos internacionais condicionem ajudas financeiras aos países pobres à introdução do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo.

Alguns parágrafos abrangem questões dedicadas aos migrantes, refugiados e perseguidos cujas famílias são desagregadas e possam ser vítimas do tráfico de pessoas. Os bispos invocam o acolhimento ressaltando os seus direitos e deveres nos países que os hospedam.

Valorizar a mulher, tutelar crianças e idosos

Os padres sinodais condenaram a discriminação contra mulheres em todo o mundo, incluindo a penalização da maternidade. Em relação à violência, ressalta que “a exploração das mulheres e a violência exercida sobre o seu corpo estão muitas vezes unidas ao aborto e à esterilização forçada”. Pede-se também uma maior valorização da responsabilidade feminina na Igreja, com intervenção nos processos de decisão, participação no governo de algumas instituições e envolvimento na formação do clero.

A respeito da reciprocidade e na responsabilidade comum dos cônjuges na vida familiar, afirma-se que “o crescente compromisso profissional das mulheres fora de casa não encontrou uma adequada compensação num maior empenho dos homens no ambiente doméstico”.

Sobre as crianças, o documento entregue ao Papa ressalta a beleza da adoção e do acolhimento temporário, que “reconstroem relações familiares rompidas” e menciona também os viúvos, os portadores de deficiência, os idosos e os avós, que permitem a transmissão da fé nas famílias e devem ser protegidos da cultura do descarte. Também as pessoas não casadas são lembradas por seu engajamento na Igreja e na sociedade.

Fanatismo, individualismo, pobreza, precariedade no trabalho

Como sombras dos tempos atuais, o Sínodo cita o fanatismo político-religioso hostil ao cristianismo, o crescente individualismo, a ideologia ‘gender’, os conflitos, perseguições, a pobreza, a precariedade no trabalho, a corrupção, os problemas econômicos que excluem famílias da educação e da cultura, a globalização da indiferença, a pornografia e a queda da natalidade.

Preparação ao matrimônio

O documento final reúne as propostas para reforçar a preparação ao matrimônio, principalmente dos jovens que hoje têm receio de se vincular. É recomendada uma formação adequada à afetividade, seguindo as virtudes da castidade e do dom de si. Outra relação mencionada no texto é entre a vocação à família e a vocação à vida consagrada. São também fundamentais a educação à sexualidade e a corporeidade e a promoção da paternidade responsável.

Família, porto seguro

Enfim, o a Relatório sublinha a beleza da família, Igreja doméstica baseada no casamento entre homem e mulher, porto seguro dos sentimentos mais profundos, único ponto de conexão numa época fragmentada, parte integrante da ecologia humana. Deve ser protegida, apoiada e encorajada.

Pedido ao Papa um documento sobre a família

O documento se encerra com o pedido dos Padres Sinodais ao Papa de um documento sobre a família, indicando a perspectiva que ele deseja dar neste caminho.

(CM)

Papa na Missa final do Sínodo: é tempo de misericórdia

Papa na Missa final do Sínodo: é tempo de misericórdia

Na manhã deste domingo dia 25 de outubro concluiu-se oficialmente o Sínodo dos Bispos sobre a Família com a celebração eucarística presidida pelo Papa Francisco na Basílica de S. Pedro. Presentes os padres sinodais.

O Evangelho do dia apresenta o episódio do cego Bartimeu sendo precedido na primeira leitura pelo profeta Jeremias que em pleno desastre nacional, enquanto o povo é deportado pelos inimigos, anuncia que “o Senhor salvou o seu povo”  “porque Ele é Pai (cf. 31, 9); e, como Pai, cuida dos seus filhos” – afirmou o Papa.

Na sua homilia o Santo Padre referiu que “o Evangelho de hoje liga-se diretamente à primeira Leitura: como o povo de Israel foi libertado graças à paternidade de Deus, assim Bartimeu foi libertado graças à compaixão de Jesus.” Jesus deixa-se comover e responde ao grito do Bartimeu:

“Jesus acaba de sair de Jericó. Mas Ele, apesar de ter apenas iniciado o caminho mais importante, o caminho para Jerusalém, detém-Se ainda para responder ao grito de Bartimeu. Deixa-Se comover pelo seu pedido, interessa-Se pela sua situação. Não Se contenta em dar-lhe uma esmola, mas quer encontrá-lo pessoalmente. Não lhe dá instruções nem respostas, mas faz uma pergunta: «Que queres que te faça?» (Mc 10, 51).”

O Papa Francisco referiu um “detalhe interessante”: Jesus pede aos seus discípulos que vão chamar Bartimeu e estes dirigem-se ao cego usando duas palavras, que só Jesus utiliza no resto do Evangelho: coragem e levanta-te – palavras de misericórdia como sublinhou o Papa:

“Primeiro, dizem-lhe “coragem!”, uma palavra que significa, literalmente, “tem confiança, faz-te ânimo!” É que só o encontro com Jesus dá ao homem a força para enfrentar as situações mais graves. A segunda palavra é «levanta-te!», como Jesus dissera a tantos doentes, tomando-os pela mão e curando-os. Os seus limitam-se a repetir as palavras encorajadoras e libertadoras de Jesus, conduzindo diretamente a Ele sem fazer sermões.”

“A isto são chamados os discípulos de Jesus, também hoje, especialmente hoje: pôr o homem em contacto com a Misericórdia compassiva que salva. Quando o grito da humanidade se torna, como o de Bartimeu, ainda mais forte, não há outra resposta senão adoptar as palavras de Jesus e, sobretudo, imitar o seu coração. As situações de miséria e de conflitos são para Deus ocasiões de misericórdia. Hoje é tempo de misericórdia!”

Mas há algumas tentações para quem segue Jesus. O Evangelho põe em evidência pelo menos duas. A primeira é viver uma “spiritualidade de miragem”, não parar, ser surdo, “estarmos com Jesus” mas “não sermos como Jesus”, estar no seu grupo mas viver longe do seu coração:

“Podemos falar d’Ele e trabalhar para Ele, mas viver longe do seu coração, que Se inclina para quem está ferido. Esta é a tentação duma “espiritualidade da miragem”: podemos caminhar através dos desertos da humanidade não vendo aquilo que realmente existe, mas o que nós gostaríamos de ver; somos capazes de construir visões do mundo, mas não aceitamos aquilo que o Senhor nos coloca diante dos olhos. Uma fé que não sabe radicar-se na vida das pessoas, permanece árida e, em vez de oásis, cria outros desertos.”

Há uma segunda tentação – assegurou o Papa – é a de cair numa “fé de tabela”.

“Podemos caminhar com o povo de Deus, mas temos já a nossa tabela de marcha, onde tudo está previsto: sabemos aonde ir e quanto tempo gastar; todos devem respeitar os nossos ritmos e qualquer inconveniente perturba-nos. Corremos o risco de nos tornarmos como “muitos” do Evangelho que perdem a paciência e repreendem Bartimeu. Pouco antes repreenderam as crianças (cf. 10, 13), agora o mendigo cego: quem incomoda ou não está à altura há que excluí-lo. Jesus, pelo contrário, quer incluir, sobretudo quem está relegado para a margem e grita por Ele. Estes, como Bartimeu, têm fé, porque saber-se necessitado de salvação é a melhor maneira para encontrar Cristo.

No final da sua homilia e tomando o exemplo de Bartimeu, o Papa Francisco agradeceu o caminho percorrido pelos padres sinodais convidando-os a continuarem a caminhar pelo “caminho que o Senhor deseja” sem se deixarem ofuscar “pelo pessimismo e pelo pecado”.

(RS)

(from Vatican Radio)

Sínodo: grande consenso sobre o Relatório Final

Sínodo: grande consenso sobre o Relatório Final

Amplo consenso sobre o Relatório Final do Sínodo dos Bispos sobre a Família. Em 94 pontos a Assembleia Sinodal dos Bispos reuniu o seu mais recente documento sobre a Família, após 2 anos de intenso debate e participação das comunidades. Todos os pontos foram aprovados com maioria qualificada. Em particular, os parágrafos dedicados às situações familiares difíceis foram aprovados no limite dos dois terços dos votos expressos.

No número 84 os padres sinodais propõem uma maior integração dos divorciados recasados nas comunidades cristãs, sublinhando que a sua participação pode ser ao nível dos diversos serviços eclesiais. A esta situação específica dos casais em segunda união o número 86 do relatório final faz referência a um percurso de acompanhamento e de discernimento espiritual com um sacerdote. A este propósito o Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, confirma a nova abordagem pastoral:

“São aqueles que dizem respeito às situações difíceis, a abordagem pastoral de famílias feridas ou em situação não regular de um ponto de vista canónico e da disciplina da Igreja. Em particular, as convivências, os matrimónios civis, os divorciados recasados e o modo de aproximar-se pastoralmente e estas situações. Mas, a maioria de dois terços foi sempre atingida.”

Luz na escuridão do mundo – é assim que o Relatório Final do Sínodo define a família, num texto que se apresenta com uma atitude positiva e acolhedora, onde é reafirmada a doutrina da indissolubilidade matrimonial. Contudo, para as situações de maior complexidade familiar é recomendado o discernimentos dos Pastores e uma análise em que a ‘misericórdia’ não seja negada a ninguém.

O documento sinodal não cita expressamente o acesso à Eucaristia para os divorciados recasados, mas recorda que esses não estão excomungados. Quanto às pessoas homossexuais é reafirmado no Relatório que não devem ser discriminadas, mas é declarado que a Igreja é contrária às uniões entre pessoas do mesmo sexo.

Importante contributo deste documento sinodal para a valorização da mulher e para a tutela das crianças. Também os idosos e as pessoas com necessidades especiais são citados com atenção.

De evidenciar também o reforço da preparação para o matrimónio apresentando a necessidade de uma formação adequada à afectividade, sendo chamada a atenção para a ligação entre ato sexual e ato de procriação, do qual os filhos são o fruto mais precioso porque transportam em si a memória e a esperança de um ato de amor.

Realce para a educação sexual e para a promoção de uma paternidade responsável. Neste particular, é feito um apelo às instituições para tutelarem a vida. Aos católicos comprometidos com a política é-lhes pedido que defendam a família e a vida. A este propósito, o Sínodo reafirma a sacralidade da vida e chama a atenção para as ameaças à família, tais como, o aborto e a eutanásia.

No final do Relatório Final os padres sinodais afirmam oferecer o documento ao Santo Padre para que avalie e pondere a eventual continuação deste caminho com um seu documento.

(RS)

(from Vatican Radio)

Papa: "Igreja não marginaliza. Como Jesus, quer salvar todos"

Papa: "Igreja não marginaliza. Como Jesus, quer salvar todos"

Cidade do Vaticano (RV) – Na manhã de domingo, às 12h (hora local), o Papa rezou o Angelus com os fiéis, turistas e romanos presentes na Praça São Pedro e como de costume, fez também uma breve reflexão. Antes, havia celebrado a missa de encerramento da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família e portanto, suas palavras iniciais foram de agradecimento pelas três semanas de trabalhos intensos, animados pela oração e o espírito de comunhão. “Foi cansativo, mas um verdadeiro dom de Deus que vai trazer muitos frutos”, prometeu.

A palavra ‘sínodo’, explicou, significa ‘caminhar juntos, e “nós vivemos a experiência da Igreja em caminho, especialmente com as famílias do Povo santo de Deus espalhado pelo mundo”.

Assim o Papa recordou a dramática realidade dos migrantes. Inspirando-se na Palavra de Deus na profecia de Jeremias, Francisco disse que a Igreja não exclui ninguém:

“É uma família de famílias, aonde quem se cansa não é marginalizado, não é deixado para trás, mas caminha junto com os outros porque este povo caminho com o passo dos últimos; como se faz nas famílias e como nos ensina o Senhor, que se fez pobre com os pobres, pequeno com os pequenos, último com os últimos. Não o fez para excluir os ricos, os maiores e primeiros, mas porque este é o único modo para salvá-los, para salvar todos”.

“Confesso-lhes – continuou o Papa – que comparei esta profecia do povo em caminho com as imagens dos refugiados em marcha nas estradas da Europa: uma realidade dramática dos nossos dias. Também a eles Jesus diz: ‘Partiram no pranto, eu os consolarei após o sofrimento’. Estas famílias que sofrem, extirpadas de suas terras, também estiveram conosco no Sínodo, em nossa oração e nos nosso trabalhos, por meio da voz de alguns pastores presentes na Assembleia”.

“A Igreja, disse o Papa, está próxima das muitas famílias de refugiados erradicados de suas terras: ‘Estas pessoas, em busca de dignidade, em busca de paz, permanecem conosco. A Igreja não as abandona porque fazem parte do povo que Deus quer libertar da escravidão e clamar à liberdade”.

Antes de conceder a bênção, Francisco fez votos que “o Senhor, por intercessão da Virgem Maria, nos ajude também a colocar na prática as indicações emersas em fraterna comunhão”.

(CM)



(from Vatican Radio)

No Angelus Papa recordou famílias refugiadas na Europa

No Angelus Papa recordou famílias refugiadas na Europa

Domingo, 25 de Outubro, o Papa Francisco no Angelus não deixou de se referir ao final do Sínodo dos Bispos sobre a Família, considerando ter sido um “trabalho intenso, animado pela oração e por um espírito de verdadeira comunhão”.

A palavra Sínodo significa “caminhar juntos” – recordou o Papa – e neste Sínodo o Santo Padre lembrou o caminho percorrido com as famílias do “Povo santo de Deus disperso por todo o mundo”. Por esta razão o Papa Francisco recordou o profeta Jeremias em uma das leituras do dia, onde verificamos que “o primeiro a querer caminhar connosco, a querer fazer sínodo connosco é o nosso Pai”. E o sonho de Deus é o de formar um povo onde cabem todos “entre eles estão o cego e o coxo” – disse o Papa Francisco.

O Santo Padre, a este ponto da sua mensagem antes da recitação do Angelus, declarou que a profecia do povo em caminho fê-lo confrontar-se com a realidade dos refugiados na Europa:

“Também estas famílias mais sofredoras, desenraizadas das suas terras, estiveram presentes connosco no Sínodo, na nossa oração e nos nossos trabalhos, através da voz de alguns dos seus Pastores presentes na Assembleia. Estas pessoas em procura da dignidade, estas famílias em procura de paz ficam ainda connosco, a Igreja não as abandona, porque fazem parte do povo que Deus quer libertar da escravidão e guiar para a liberdade.”

O Papa Francisco a todos desejou um bom domingo e um bom almoço.

eja e o apoio da misericórdia Deus!”

(from Vatican Radio)

sábado, 24 de outubro de 2015

Sínodo apela: paz para famílias de O. Médio, Ucrânia e África

Sínodo apela: paz para famílias de O. Médio, Ucrânia e África

Cidade do Vaticano (RV) – No último dia do Sínodo dos Bispos, os participantes aprovaram e publicaram um apelo a ser divulgado publicamente sobre a situação das famílias do Oriente Médio, da Ucrânia e da África:

Mensagem unânime

“Reunidos ao redor do Santo Padre Francisco, Sucessor de Pedro, nós, Padres Sinodais, com os Delegados fraternos, Auditores e Auditoras participantes da XIV Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, dirigimos o nosso pensamento a todas as famílias do Oriente Médio. Há anos, por causa de sangrentos conflitos, elas são vítimas de violências inauditas. Suas condições de vida se agravaram ulteriormente nestes últimos meses e semanas”.

“O uso de armas de destruição de massa, assassínios indiscriminados, decapitações, sequestro de seres humanos, tráfico de mulheres, recrutamento de crianças, perseguições por motivos de crença ou etnia, a devastação de lugares de culto e a destruição do patrimônio cultural e inúmeras atrocidades obrigaram milhares de famílias a fugir de suas casas e buscar refúgio em outros lugares, quase sempre em condições de pobreza extrema”. É o que afirmam o Papa e os 270 padres sinodais.

Famílias que não podem voltar às suas casas

“Atualmente são impedidas de retornar e exercer seu direito de viver com dignidade e segurança em suas terras e de contribuir na reconstrução e no bem-estar material e espiritual de seus países. Neste dramático contexto, são continuamente violados os princípios fundamentais da dignidade humana e da convivência, pacífica e harmônica, entre pessoas e povos, os direitos mais elementares, como a vida e a liberdade religiosa, além do direito humanitário internacional”.

“Recordamos as palavras do Papa Francisco a “todas as pessoas e comunidades que se reconhecem em Abraão: Respeitemo-nos e amemo-nos uns aos outros como irmãos e irmãs! Aprendamos a compreender a dor do outro! Ninguém instrumentalize, para a violência, o nome de Deus! Trabalhemos juntos em prol da justiça e da paz!” (Discurso do Santo Padre no Edifício do Grã-Conselho na Esplanada das Mesquitas, Jerusalém, 26 de maio de 2014).

“Estamos convencidos de que a paz é possível e é possível deter as violências que na Síria, no Iraque, em Jerusalém e em toda a Terra Santa atingem a cada dia mais famílias e civis inocentes e agravam a crise humanitária. A reconciliação é fruto da fraternidade, da justiça, do respeito e do perdão” – prossegue o documento assinado unanimemente por todos os participantes.

Não a decisões impostas

“A paz no Oriente Médio não pode ser alcançada com decisões impostas à força, mas com decisões políticas que respeitem as particularidades culturais e religiosas de cada nação e das várias realidades que as compõem”.

“Nosso único desejo, como pessoas de boa vontade que fazem parte da grande família humana, é que se possa viver em paz. Que judeus, cristãos e muçulmanos encontrem em seu próximo um irmão a ser respeitado e amado, oferecendo, em suas terras antes de tudo, um belo testemunho da serenidade e da convivência entre os filhos de Abrão” – afirmam ainda os padres sinodais, citando a Exortação Apostólica de Bento XVI ‘Ecclesia in Medio Oriente’.

Preocupação com África e Ucrânia

“Nosso pensamento e nossa prece se estendem, com igual preocupação, solicitude e amor, a todas as famílias que se encontram em situações análogas em outras partes do mundo, especialmente na África e na Ucrânia. Elas, como as famílias do Oriente Médio, estiveram muito presentes durante os trabalhos desta Assembleia Sinodal, e para elas também desejamos uma vida digna e tranquila”.

O documento se encerra com uma exortação: “Confiramos à Santa Família de Jesus, Maria e José, que tanto sofreu, as nossas intenções para que o mundo se torne em breve uma única família de irmãos e irmãs!”.
(CM)



(from Vatican Radio)

Publicado Relatório final do Sínodo

Publicado Relatório final do Sínodo

Cidade do Vaticano (RV) – “Satisfação da assembleia no seu conjunto”: assim o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, resumiu o voto realizado na tarde deste sábado (24/10) do Documento final do Sínodo dos Bispos.

A pedido do Papa Francisco, o texto foi publicado à imprensa, com versão disponível até o momento em italiano.

O Relatório final tem 94 pontos, todos aprovados pela maioria necessária de 2/3 dos participantes. Os padres sinodais presentes na votação eram 265. Neste caso, era considerada maioria a aprovação a partir de 177 votos.

Como no ano passado, com o Sínodo extraordinário, o Relatório final foi publicado com a porcentagem de votos de cada parágrafo. Os pontos que dizem respeito à pastoral das famílias feridas, que incluem temas como as convivências ou os divorciados recasados, obtiveram menor consenso, mas sempre a maioria absoluta. Estes pontos se encontram no terceiro capítulo da terceira parte.

Diante deste resultado, afirmou o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, houve “satisfação geral da Assembleia no seu conjunto”.

Sinodo: a Mensagem Final do Papa Francisco -texto integral

Sinodo: a Mensagem Final do Papa Francisco -texto integral

Concluíram-se os trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre a Família. Na sessão final o Papa Francisco dirigiu-se aos padres sinodais sublinhando que encerrar o Sínodo significa voltar realmente a "caminhar juntos" para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus.

Publicamos aqui  o texto integral do Santo Padre:

Amadas Beatitudes, Eminências, Excelências, Queridos irmãos e irmãs!

Quero, antes de mais, agradecer ao Senhor por ter guiado o nosso caminho sinodal nestes anos através do Espírito Santo, que nunca deixa faltar à Igreja o seu apoio.

Agradeço de todo o coração ao Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário-Geral do Sínodo, a D. Fabio Fabene, Subsecretário e, juntamente com eles, agradeço ao Relator, o Cardeal Peter Erdö, e ao Secretário Especial, D. Bruno Forte, aos presidentes delegados, aos secretários, consultores, tradutores e todos aqueles que trabalharam de forma incansável e com total dedicação à Igreja: um cordial obrigado!

Agradeço a todos vós, amados padres sinodais, delegados fraternos, auditores, auditoras e conselheiros, párocos e famílias pela vossa activa e frutuosa participação.

Agradeço ainda a todas as pessoas que se empenharam, de forma anónima e em silêncio, prestando a sua generosa contribuição para os trabalhos deste Sínodo.

Estai certos de que a todos recordo na minha oração ao Senhor para que vos recompense com a abundância dos seus dons e graças!

Enquanto acompanhava os trabalhos do Sínodo, pus-me esta pergunta: Que há-de significar, para a Igreja, encerrar este Sínodo dedicado à família?

Certamente não significa que esgotámos todos os temas inerentes à família, mas que procurámos iluminá-los com a luz do Evangelho, da tradição e da história bimilenária da Igreja, infundindo neles a alegria da esperança, sem cair na fácil repetição do que é indiscutível ou já se disse.

Seguramente não significa que encontrámos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família, mas que colocámos tais dificuldades e dúvidas sob a luz da Fé, examinámo-las cuidadosamente, abordámo-las sem medo e sem esconder a cabeça na areia.

Significa que solicitámos todos a compreender a importância da instituição da família e do Matrimónio entre homem e mulher, fundado sobre a unidade e a indissolubilidade e a apreciá-la como base fundamental da sociedade e da vida humana.

Significa que escutámos e fizemos escutar as vozes das famílias e dos pastores da Igreja que vieram a Roma carregando sobre os ombros os fardos e as esperanças, as riquezas e os desafios das famílias do mundo inteiro.

Significa que demos provas da vitalidade da Igreja Católica, que não tem medo de abalar as consciências anestesiadas ou sujar as mãos discutindo, animada e francamente, sobre a família.

Significa que procurámos olhar e ler a realidade, melhor dito as realidades, de hoje com os olhos de Deus, para acender e iluminar, com a chama da fé, os corações dos homens, num período histórico de desânimo e de crise social, económica, moral e de prevalecente negatividade.

Significa que testemunhámos a todos que o Evangelho continua a ser, para a Igreja, a fonte viva de novidade eterna, contra aqueles que querem «endoutriná-lo» como pedras mortas para as jogar contra os outros.

Significa também que espoliámos os corações fechados que, frequentemente, se escondem mesmo por detrás dos ensinamentos da Igreja ou das boas intenções para se sentar na cátedra de Moisés e julgar, às vezes com superioridade e superficialidade, os casos difíceis e as famílias feridas.

Significa que afirmámos que a Igreja é Igreja dos pobres em espírito e dos pecadores à procura do perdão e não apenas dos justos e dos santos, ou melhor dos justos e dos santos quando se sentem pobres e pecadores.

Significa que procurámos abrir os horizontes para superar toda a hermenêutica conspiradora ou perspectiva fechada, para defender e difundir a liberdade dos filhos de Deus, para transmitir a beleza da Novidade cristã, por vezes coberta pela ferrugem duma linguagem arcaica ou simplesmente incompreensível.

No caminho deste Sínodo, as diferentes opiniões que se expressaram livremente – e às vezes, infelizmente, com métodos não inteiramente benévolos – enriqueceram e animaram certamente o diálogo, proporcionando a imagem viva duma Igreja que não usa «impressos prontos», mas que, da fonte inexaurível da sua fé, tira água viva para saciar os corações ressequidos.1

E vimos também – sem entrar nas questões dogmáticas, bem definidas pelo Magistério da Igreja – que aquilo que parece normal para um bispo de um continente, pode resultar estranho, quase um escândalo, para o bispo doutro continente; aquilo que se considera violação de um direito numa sociedade, pode ser preceito óbvio e intocável noutra; aquilo que para alguns é liberdade de consciência, para outros pode ser só confusão. Na realidade, as culturas são muito diferentes entre si e cada princípio geral, se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado.2 O Sínodo de 1985, que comemorava o vigésimo aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II, falou da inculturação como da «íntima transformação dos autênticos valores culturais mediante a integração no cristianismo e a encarnação do cristianismo nas várias culturas humanas».3 A inculturação não debilita os valores verdadeiros, mas demonstra a sua verdadeira força e a sua autenticidade, já que eles adaptam-se sem se alterar, antes transformam pacífica e gradualmente as várias culturas.

4Vimos, inclusive através da riqueza da nossa diversidade, que o desafio que temos pela frente é sempre o mesmo: anunciar o Evangelho ao homem de hoje, defendendo a família de todos os ataques ideológicos e individualistas.

E, sem nunca cair no perigo do relativismo ou de demonizar os outros, procurámos abraçar plena e corajosamente a bondade e a misericórdia de Deus, que ultrapassa os nossos cálculos humanos e nada mais quer senão que «todos os homens sejam salvos» (1 Tim 2, 4), para integrar e viver este Sínodo no contexto do Ano Extraordinário da Misericórdia que a Igreja está chamada a viver.

Amados irmãos!

A experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor também que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o

homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão. Isto não significa de forma alguma diminuir a importância das fórmulas, das leis e dos mandamentos divinos, mas exaltar a grandeza do verdadeiro Deus, que não nos trata segundo os nossos méritos nem segundo as nossas obras, mas unicamente segundo a generosidade sem limites da sua Misericórdia (cf. Rm 3, 21-30; Sal 129/130; Lc 11, 37-54). Significa vencer as tentações constantes do irmão mais velho (cf. Lc 15, 25-32) e dos trabalhadores invejosos (cf. Mt 20, 1-16). Antes, significa valorizar ainda mais as leis e os mandamentos, criados para o homem e não vice-versa (cf. Mc 2, 27).

Neste sentido, o necessário arrependimento, as obras e os esforços humanos ganham um sentido mais profundo, não como preço da Salvação – que não se pode adquirir – realizada por Cristo gratuitamente na Cruz, mas como resposta Àquele que nos amou primeiro e salvou com o preço do seu sangue inocente, quando ainda éramos pecadores (cf. Rm 5, 6).

O primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor (cf. Jo 12, 44-50).

Do Beato Paulo VI temos estas palavras estupendas: «Por conseguinte podemos pensar que cada um dos nossos pecados ou fugas de Deus acende n’Ele uma chama de amor mais intenso, um desejo de nos reaver e inserir de novo no seu plano de salvação (...). Deus, em Cristo, revela-Se infinitamente bom (...). Deus é bom. E não apenas em Si mesmo; Deus – dizemo-lo chorando – é bom para nós. Ele nos ama, procura, pensa, conhece, inspira e espera… Ele – se tal se pode dizer – será feliz no dia em que regressarmos e Lhe dissermos: Senhor, na vossa bondade, perdoai-me. Vemos, assim, o nosso arrependimento tornar-se a alegria de Deus».5

Por sua vez São João Paulo II afirmava que «a Igreja vive uma vida autêntica, quando professa e proclama a misericórdia, (...) e quando aproxima os homens das fontes da misericórdia do Salvador das quais ela é depositária e dispensadora».6

Também o Papa Bento XVI disse: «Na realidade, a misericórdia é o núcleo da mensagem evangélica, é o próprio nome de Deus (...). Tudo o que a Igreja diz e realiza, manifesta a misericórdia que Deus sente pelo homem, portanto, por nós. Quando a Igreja deve reafirmar uma verdade menosprezada, ou um bem traído, fá-lo sempre estimulada pelo amor misericordioso, para que os homens tenham vida e a tenham em abundância (cf. Jo 10, 10)».7

Sob esta luz e graça, neste tempo de graça que a Igreja viveu dialogando e discutindo sobre a família, sentimo-nos enriquecidos mutuamente; e muitos de nós experimentaram a acção do Espírito Santo, que é o verdadeiro protagonista e artífice do Sínodo. Para todos nós, a palavra «família» já não soa como antes, a ponto de encontrarmos nela o resumo da sua vocação e o significado de todo o caminho sinodal.8

Na verdade, para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a «caminhar juntos» para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus!

Obrigado!

(from Vatican Radio)

Enquanto o sínodo se prepara para votar o relatório final os padres lançam um apelo em prol do Médio Oriente, da África e da Ucrânia - Basta à violência ao terrorismo e às perseguições

Enquanto o sínodo se prepara para votar o relatório final os padres lançam um apelo em prol do Médio Oriente, da África e da Ucrânia - Basta à violência ao terrorismo e às perseguições

Enquanto o sínodo se prepara para votar o relatório final, os padres lançaram na manhã de sábado, 24 de Outubro, um apelo a favor do Médio Oriente, da África e da Ucrânia. Como o pensamento e a oração dirigidas a todas as famílias que estão envolvidas em situações de conflito, os participantes na assembleia aprovaram uma declaração na qual unem as suas vozes «ao grito dos numerosos inocentes: nunca mais violência, nunca mais terrorismo, nunca mais destruições, nunca mais perseguições». No documento pedem que «cessem imediatamente as hostilidades e o tráfico de armas» e, ao mesmo tempo, expressam «proximidade aos patriarcas, bispos, sacerdotes, consagrados e fiéis, assim como a todos os habitantes do Médio Oriente», auspiciando a libertação de «todas as pessoas sequestradas».



A declaração inspirou-se na constatação de que «já há anos» as famílias do Médio Oriente «são vítimas de atrocidades indescritíveis». Aliás, «as sua condições de vida agravaram-se ulteriormente». Testemunham-no «o uso de armas de destruição em massa, os assassinados indiscriminados, as decapitações, o sequestro de seres humanos, o tráfico das mulheres, o recrutamento de crianças, a perseguição por motivo do credo e da etnia, a devastação dos lugares de culto, a destruição do património cultural e outras inúmeras atrocidades», que «obrigaram milhares de famílias a fugir das próprias casas e a procurar refúgio alhures, muitas vezes em condições de precariedade extrema». Por conseguinte, actualmente elas «são impedidas de regressar e de exercer o seu direito de viver de forma digna e em segurança no próprio solo, contribuindo para a reconstrução e para o bem-estar material e espiritual dos respectivos países».

Por fim, os padres sinodais exprimem gratidão «à Jordânia, ao Líbano, à Turquia e a numerosos países europeus pelo acolhimento reservado aos refugiados», dirigindo «um novo apelo à Comunidade internacional a fim de que, ao pôr de lado os interesses particulares, se possa confiar, na busca de soluções, nos instrumentos da diplomacia, do diálogo, do direito internacional». Na convicção de «que a paz é possível e é também possível deter as violências na Síria, no Iraque, em Jerusalém e em toda a Terra Santa», assim como na África e na Ucrânia.

A leitura do documento foi acompanhada por uma salva de palmas da Aula, assim como tinha sido aplaudida a proposta do texto do relatório final do sínodo lido e entregue à assembleia que na tarde procederá à votação dos 94 pontos do documento.

Na manhã de domingo a missa conclusiva presidida pelo Pontífice na praça de São Pedro.

Card. Damasceno Assis preside conclusão do Sínodo

Card. Damasceno Assis preside conclusão do Sínodo

Cidade do Vaticano (RV) – A 17ª Congregação geral do Sínodo Ordinário sobre a Família reuniu-se na manhã deste sábado (24/10) para a última leitura do Relatório Final antes da votação. Às 9h (horário local), o Santo Padre dirigiu sua palavra aos participantes e todos rezaram a Hora Terceira e ouviram a homilia do bispo de Bilbao (Espanha), Dom Mario Iceta Gavicagogeascoa.

À tarde, no plenário, os padres sinodais vão optar por ‘placet’, ‘não placet’ ou ‘abstenção’ (aprovo, não aprovo ou me abstenho) na votação eletrônica dos 94 pontos do documento.

Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida (SP) é um dos Presidentes-delegados deste Sínodo e foi escolhido para presidir o último dia do encontro. Ouça-o, clicando acima.

“Para mim é uma grande satisfação e uma honra poder presidir a conclusão deste Sínodo dos Bispos sobre a Família. Neste dia, vamos votar o Relatório final dos nossos trabalhos, que organizados por uma comissão especial, e que agora é submetida à votação dos padres sinodais. Esta conclusão final será entregue ao Santo Padre para que ele possa fazer deste Relatório o que bem desejar. Ainda não sabemos se o Santo Padre o publicará ou se fará uma Exortação pós-sinodal. Ainda não temos informações concretas sobre isto, mas encerramos o nosso trabalho e podemos dizer que foi positivo. Tivemos um momento de escuta, um momento de diálogo sempre sobre a luz do Espírito Santo e ao mesmo tempo, chegamos a algumas conclusões”.

Resultados

“Creio que sai fortalecida a pastoral familiar, sai fortalecida a família como tal enquanto vocação dentro do desígnio de Deus sobre o matrimônio – uma vocação tão bela e tão sublime, que é a vocação fundada no amor uno, indissolúvel, aberto à vida, uma união fundada no amor de um homem e de uma mulher. Nós sabemos que ela é a base, o fundamento da sociedade e também da Igreja. Pela família passa também o futuro da humanidade e o futuro da Igreja também”.

(SP/CM)



(from Vatican Radio)

"Sínodo trará convite a discernir e compreender, sem julgar"

"Sínodo trará convite a discernir e compreender, sem julgar"

Cidade do Vaticano (RV) – O texto final do Sínodo dos Bispos “foi aprovado por unanimidade pela Comissão dos Dez chamada a verificar que tudo se realizasse na máxima transparência para apresentá-lo à Assembleia”: foi o que adiantou Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa, na coletiva concedida aos jornalistas no final da manhã de sábado (24/10). O texto foi lido inteiramente na Sala e será votado, ponto por ponto, na parte da tarde.

Comunhão aos divorciados e discernimento

Sobre a hipótese de readmitir à comunhão os divorciados recasados, “o Relatório final não contém um ‘sim’ ou um ‘não’, mas um convite ao discernimento” das situações concretas, antecipou, na coletiva, o Cardeal Christoph Schoenborn, arcebispo de Viena. O documento vai propor critérios para o acompanhamento pastoral, não só para a comunhão, mas para todas as questões”.

“A palavra-chave é discernimento. Convido todos a pensar na palavra de São João Paulo II na ‘Familiaris consortio’, onde se fala da obrigação de exercer o discernimento porque as situações são diferentes e o Papa Francisco, com bom jesuíta, a aprendeu quando era jovem: neste caso, discernimento significa tentar entender a situação de uma pessoa ou de um casal”.

Homossexualidade

A respeito da homossexualidade, o arcebispo de Viena adiantou que “não consta muito no texto e alguns ficarão desiludidos”.

“Constatamos duas coisas. O tema tocado neste documento é tratado sob o aspecto da família na qual existe a experiência de um irmão, uma irmã ou um tio homossexual. Como cristãos, como lidar com estas situações? Muitos disseram que por razões culturais ou políticas, o tema é delicado demais. No entanto, deixar este tema fora do documento não quer dizer que na Europa ou na América do Norte não seja um tema de Igreja, mas em nível de universalidade temos que respeitar a diversidade das situações políticas e culturais”.

Em síntese, para o Cardeal Schoenborn, a mensagem principal é o próprio tema do Sínodo: Um grande ‘sim’ à família. “O êxito do Sínodo é justamente este: a família não é um modelo superado, passado; é a realidade mais fundamental da sociedade. Não há uma ‘rede’ mais segura em tempos difíceis do que a família, inclusive as feridas e recompostas”.

Dom Raymundo preside sessão conclusiva

Também estava presente na coletiva de imprensa o Cardeal Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, um dos Presidentes-delegados do Sínodo. Dom Raymundo salientou a necessidade de os governos oferecerem políticas públicas às famílias: “A família sozinha pode fazer pouco”, declarou.
Na expectativa da publicação do Relatório final, previsto para as 18h, ficou claro que em todas as situações, dos divorciados recasados aos jovens que têm receio de contrair o sacramento do matrimônio, as indicações são “atenção às famílias feridas; não julgar, discernir e compreender”.

(CM)

Reflexão dominical: a cura do cego Bartimeu: "O caminho da fé"

Reflexão dominical: a cura do cego Bartimeu: "O caminho da fé"

Cidade do Vaticano (RV) - O Evangelho deste domingo nos relata a cura do cego Bartimeu. Ele se encontrava à beira do caminho dependendo da compaixão dos transeuntes. Em certa ocasião ouviu falar de Jesus, de suas palavras e ações e ficou atento. Um dia ao saber da aproximação do Senhor, começou a gritar implorando-lhe a cura. Os que passavam corrigiam-lhe para que se calasse. Ele não os escutou e gritava com voz mais forte.  O Senhor o mandou chamar até onde estava. Ele, em uma atitude rápida, deixou seu manto e se aproximou de Jesus.

Vemos nesse relato, alguém que cansou de viver à margem da vida e soube que aquele que era a própria Vida estava passando e se avizinhava. Ele grita, coloca para fora de seu ser cansado o desejo de libertar-se dessa escravidão. Pessoas que lhe são próximas o mandam calar, pois julgam melhor que tudo continue como está, optam pela acomodação. Mas ele está decidido e quer ser liberto de tudo o que o marginaliza. Ele não se cala. Jesus, conhecendo tal opção, pede que as pessoas que estão ao lado, tragam-no até ele.

Os intermediários cumprem seu papel e dizem que o Senhor o chama. O cego larga o manto, ou seja, larga a vida de dependência – já que era no manto, estendido à sua frente, que as pessoas depositavam as esmolas  -  e salta para a vida nova, de liberdade.

Este episódio nos ajuda a purificar nossa vontade e nos dar aquela coragem de que tanto gostaríamos possuir. Reclamar, queixar-se, fazer corpo mole, colocar a responsabilidade na vida ou nos outros, é algo que deparamos dentro de nós. Sair do acomodamento, ter de fato uma vontade firme e decidida é algo custoso que nos mantém na escravidão e na dependência das pessoas.

Aprendamos com Bartimeu a dar um basta a tudo aquilo que nos marginaliza, nos diminui a dignidade, nos torna comodamente dependentes. Um cristão deve ser ágil em sua opção pela vida e por uma vida digna. O cego não teve dúvidas, gritou por Jesus e não deu atenção aos que o queriam calar.

Quais são as pessoas, situações ou sistemas que nos desejam manter na escravidão? Quais são as pessoas ou situações enviadas por Deus que nos levam à libertação, à  independência? Examinemos quais são nossas dependências, nossas acomodações e tenhamos coragem para  eliminá-las! (Reflexão do Padre César Augusto dos Santos para o XXX Domingo do Tempo Comum)



(from Vatican Radio)

Papa: entender os sinais dos tempos com silêncio, oração e reflexão

Papa: entender os sinais dos tempos com silêncio, oração e reflexão

Sexta-feira, 23 de Outubro – na Missa em Santa Marta o Papa Francisco exortou os cristãos a fazerem silêncio, reflexão e oração para entender os sinais dos tempos. “Os tempos mudam e nós cristãos devemos mudar continuamente”, com liberdade e na verdade da fé – afirmou o Papa Francisco:

“Temos esta liberdade de julgar o que acontece fora de nós, mas para julgar temos que saber bem o que ocorre fora de nós. E como se pode fazer isto? Como se pode fazer o que a Igreja chama ‘conhecer os sinais dos tempos’? Os tempos mudam; é justamente a sabedoria cristã a conhecer estas mudanças, conhecer os diferentes tempos e também os sinais dos tempos. O que significa uma coisa e a outra. Fazer isto sem medo, com liberdade”.

O Santo Padre reconhece que não é algo “fácil”, são muitos os condicionamentos externos que pressionam também os cristãos e induzem muitos a um cómodo "não fazer". Contudo, o Papa aponta um método essencial: silêncio, oração e reflexão – “somente assim poderemos entender os sinais dos tempos – que é o que nos quer dizer Jesus.”

Entender os sinais dos tempos não é uma tarefa exclusiva de uma elite cultural ou intelectual, pois Jesus – recordou o Santo Padre – fala aos camponeses que “na sua simplicidade” sabem “distinguir o trigo do joio”:

“Os tempos mudam e nós cristãos devemos mudar continuamente. Devemos mudar firmes na fé em Jesus Cristo, firmes na verdade do Evangelho, mas o nosso comportamento deve mover-se continuamente de acordo com os sinais dos tempos. Somos livres. Somos livres pelo dom da liberdade que Jesus Cristo nos deu. Mas o nosso dever é olhar o que acontece dentro de nós, discernir os nossos sentimentos, os nossos pensamentos; e o que acontece fora de nós e discernir os sinais dos tempos. Com o silêncio, com a reflexão e com a oração”.

(RS)



(from Vatican Radio)

Card. Scherer: "Aprofundar a identidade do matrimônio"

Card. Scherer: "Aprofundar a identidade do matrimônio"

Cidade do Vaticano (RV) – Nosso hóspede durante todo o Sínodo dos Bispos, o Cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, nos apresenta este sábado (24/10) as suas conclusões finais sobre a Assembleia.

Em relação à possibilidade de readmitir os divorciados recasados ao sacramento da comunhão, Dom Odilo confirma que não existem soluções gerais ou generalizadas, mas é preciso aprofundar o caminho do discernimento, palavra-chave deste encontro. Nós lhe perguntamos quais serão os critérios usados para este discernimento.

Ainda segundo o cardeal, a votação do Relatório final deverá refletir a mesma unanimidade constatada nos votos dos Círculos Menores, principalmente sobre os temas mais delicados.

“Eu acho que vai haver unanimidade. Os círculos menores, de fato, trabalharam autonomamente. Realmente foi admirável como houve uma confluência de percepções, de indicações, sem grandes contrastes sobre as indicações. Acho que isto vai se repetir hoje no grande plenário; tenho a impressão que alguns poucos parágrafos trazem assuntos mais delicados, onde há menos consenso, mas em geral vai haver grande consenso”.

Divorciados e recasados

“Parece que, de fato, as coisas vão numa linha de uma solução que apele à a consciência, que envolva o confessor e eventualmente o bispo local em dar alguma diretriz específica de modo que as pessoas em determinadas situações, sendo acompanhadas, possam eventualmente receber uma indicação específica, mas não haverá uma ‘solução’ universalmente válida. Isto porque no sacramento do matrimônio existem coisas que são da legislação eclesiástica, relativas à disciplina eclesiástica, existem coisas que fazem parte do conteúdo da fé, da doutrina sobre o matrimônio e também sobre a Igreja. No sacramento do matrimônio, temos esta implicação e o Sínodo refletiu bastante sobre isto e não se encontrou uma via em que fosse fácil harmonizar todas as situações”.

Atenção depois do Sínodo

“Acredito que depois do Sínodo haverá ulteriores estudos para aprofundar a questão da identidade do sacramento do matrimônio, da indissolubilidade, da sua relação com a Igreja, a relação do matrimônio com a comunhão eucarística. Esta é uma questão que provavelmente vai continuar a receber a atenção depois do Sínodo”.

(CM)

Papa: Silêncio, reflexão e oração para entender sinais dos tempos

Papa: Silêncio, reflexão e oração para entender sinais dos tempos

Cidade do Vaticano (RV) - “Os tempos mudam e nós cristãos devemos mudar continuamente”, com liberdade e na verdade da fé. Foi o que afirmou o Papa na homilia da missa desta sexta-feira (23/10) celebrada na Casa Santa Marta. Francisco refletiu sobre o discernimento que a Igreja deve atuar, observando os ‘sinais dos tempos’, sem ceder à comodidade do conformismo, mas deixando-se inspirar pela oração.

Os tempos fazem o que devem: mudam. Os cristãos devem fazer aquilo que Cristo quer: avaliar os tempos e mudar com ele, permanecendo ‘firmes da verdade do Evangelho’. O que não se admite é o tranquilo conformismo que, na prática, nos deixa imóveis.

Sabedoria cristã

O Papa se inspira no trecho da Carta aos Romanos de São Paulo, na qual ele prega ‘com muita força a liberdade que nos salvou do pecado’. No Evangelho do dia, Jesus fala ‘do sinal dos tempos’, definindo hipócritas aqueles que sabem compreender o tempo, mas não fazem o mesmo com o tempo do Filho do Homem. Deus nos criou livres e para ter esta liberdade – afirma o Papa – devemos nos abrir à força do Espírito Santo e entender bem o que acontece dentro de nós e fora de nós”, usando o ‘discernimento’.

“Temos esta liberdade de julgar o que acontece fora de nós, mas para julgar temos que saber bem o que ocorre fora de nós. E como se pode fazer isto? Como se pode fazer o que a Igreja chama ‘conhecer os sinais dos tempos’? Os tempos mudam; é justamente a sabedoria cristã a conhecer estas mudanças, conhecer os diferentes tempos e também os sinais dos tempos. O que significa uma coisa e a outra. Fazer isto sem medo, com liberdade”.

Silêncio, reflexão e oração

Francisco reconhece que não é algo “fácil”, são muitos os condicionamentos externos que pressionam também os cristãos e induzem muitos a um mais cômodo "não fazer":

“Este é um trabalho que, com frequência, não fazemos: nos conformamos, nos tranquilizamos com ‘me disseram, ouvi, as pessoas dizem, eu li...’. Assim estamos tranquilos... Mas qual é a verdade? Qual é a mensagem que o Senhor quer me passar com este sinal dos tempos? Para entender os sinais dos tempos, antes de tudo é preciso o silêncio: silenciar e observar. E, em seguida, refletir dentro de nós. Um exemplo: porque existem tantas guerras hoje? Porque aconteceu algo? E rezar... Silêncio, reflexão e oração. Somente assim poderemos entender os sinais dos tempos, o que quer nos dizer Jesus”.

Livres na verdade do Evangelh

Entender os sinais dos tempos não é uma tarefa exclusiva de uma elite cultural. Jesus, recordar, não diz “vejam como fazem os universitários, como fazem os doutores, os intelectuais...”. Jesus, destaca o Papa, fala aos camponeses que “em sua simplicidade” sabem “distinguir o joio do trigo”:

“Os tempos mudam e nós cristãos devemos mudar continuamente. Devemos mudar firmes na fé em Jesus Cristo, firmes na verdade do Evangelho, mas o nosso comportamento deve se mover continuamente de acordo com os sinais dos tempos. Somos livres. Somos livres pelo dom da liberdade que Jesus Cristo nos deu. Mas o nosso dever é olhar o que acontece dentro de nós, discernir os nossos sentimentos, os nossos pensamentos; e o que acontece fora de nós e discernir os sinais dos tempos. Com o silêncio, com a reflexão e com a oração”. (CM/RB)

(from Vatican Radio)

Padre Lombardi preside à penúltima coletiva sobre o Sínodo

Padre Lombardi preside à penúltima coletiva sobre o Sínodo

Cidade do Vaticano (RV) – O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, presidiu, na tarde desta sexta-feira (23/10), no Vaticano, à penúltima coletiva de imprensa sobre os trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre a Família, que se concluirão, amanhã, com um Relatório final.

Seguindo o esquema das coletivas precedentes, Padre Lombardi fez um resumo dos trabalhos da tarde desta quinta-feira (22/10), que foram iniciados com uma intervenção do Papa, que anunciou sua decisão de instituir um novo Organismo vaticano, que terá competência sobre “os Leigos, a Família e a Vida”, que substituirá os Pontifícios Conselhos para os Leigos e para a Família, que será anexada à Pontifícia Academia para a Vida.

O Papa comunicou ainda de ter encarregado uma Comissão, composta de pessoas de sua confiança, para providenciar a redação de um texto que determine canonicamente as competências do novo Organismo, que será submetido ao Conselho de Cardeais, que se realizará em dezembro próximo, antes da sua atuação oficial.

Ontem foi completado o elenco dos membros do Conselho da Secretaria do Sínodo, que será confirmado depois, quando o Papa nomear os outros membros dos diversos Continentes.

Por sua vez, o Relator Geral do Sínodo, cardeal Peter Erdö, apresentou o esboço do Relatório Final, que será votado amanhã, na conclusão do Sínodo. Trata-se de uma introdução de caráter geral, sob o espírito sinodal, sem entrar nos conteúdos, mas fez apenas uma síntese do documento.

A seguir, o Cardeal Lorenzo Baldisseri, explicou a metodologia de como se chegou à elaboração do documento, ou seja, ilustrou o modo de como se chegou à versão das três partes do Relatório Final.

Enfim, na tarde de ontem à tarde, foi apresentada e lida aos Padres Sinodais o esboço de uma Declaração sobre as Famílias, ou seja, sobre a situação das famílias no Oriente Médio, que será publicada amanhã, ao término dos trabalhos Sinodais.

Depois, Padre Lombardi passou a comentar os trabalhos da Congregação Geral desta manhã, dedicados às reações e intervenções livres dos Padres Sinodais em vista do Relatório Final. Tais observações são consideradas “propostas” de emendas ou de melhoras do texto.

Tais propostas escritas foram entregues à Secretaria do Sínodo para serem avaliadas e eventualmente integradas no texto final, que será apresentado amanhã, em forma definitiva, e votado na parte da tarde.

No entanto, na manhã desta sexta-feira, foram feitas 51 intervenções breves e variadas, de cerca de três minutos, concernentes ao texto provisório do documento. De modo geral, a assembleia expressou sua satisfação, mas também gratidão e admiração pela redação do trabalho, bastante crível.

As diversas intervenções da manhã de hoje, - acrescentou Padre Lombardi, - abrangeram diversos aspectos: referências bíblicas, questão dos imigrantes, formação dos agentes de pastoral, acompanhamento da espiritualidade familiar, sofrimentos do núcleo familiar, entre outros. Algumas intervenções se concentraram em temas bastante complexos, como a relação entre a consciência e a lei moral.

Padre Lombardi encerrou a coletiva de imprensa passando a palavra aos ilustres hóspedes do Sínodo, que falaram das suas experiências sobre estes dias de trabalhos sinodais: o cardeal Peter Turkson, Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, representante do Continente africano; o cardeal Gérald Cyprien Lacroix, arcebispo de Québec, Canadá; Dom Lucas Van Looy, salesiano, bispo de Gent, Bélgica. (MT)

(from Vatican Radio)

Acidente em França: as condolências do Papa

Acidente em França: as condolências do Papa

Na manhã deste sábado dia 24 de Outubro o Papa Francisco enviou um telegrama de condolências pelas vítimas do trágico acidente de viação acontecido nesta sexta-feira na zona de Bordéus em França onde morreram pelos menos 42 pessoas, sobretudo idosas, e outras 5 ficaram feridas.

A mensagem do Papa Francisco foi enviada através do Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Pietro Parolin e dirigida ao arcebispo de Bordéus, D. Jean Pierre Ricard.

O Santo Padre une-se à oração e dor das famílias enlutadas e entrega as vítimas à misericórdia de Deus, por forma a que as acolha na sua luz. O Papa exprime a sua proximidade espiritual a todos os feridos e aos seus familiares. Também uma palavra do Santo Padre para os socorristas. A todos o Papa envia a sua bênção apostólica.

O Presidente francês Hollande decretou luto nacional e afirmou que “o governo francês está totalmente mobilizado para esta tragédia”.

(RS)

(from Vatican Radio)

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Na ONU, Santa Sé pede mais coragem e menos armas no Oriente Médio

Na ONU, Santa Sé pede mais coragem e menos armas no Oriente Médio

Nova Iorque (RV) – O Observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas, Arcebispo Bernardito Auza, se pronunciou nesta quinta-feira (22/10), no Conselho de Segurança da ONU durante um debate aberto sobre a situação no Oriente Médio.

Após ouvir os representantes do Estado da Palestina e de Israel, Dom Auza fez uma exortação ao Conselho: “Em vez de armas e munições, a comunidade internacional precisa imbuir a região com negociações e mediações mais corajosas, imparciais e perseverantes”.

Conflitos

Ao recordar os inúmeros apelos do Papa Francisco pela paz no Oriente Médio e as das denúncias de perseguição a cristão e outras minorias, o Observador lamentou que “o berço de grandes civilizações e lugar de nascimento das três principais religiões monoteístas – Judaísmo, Cristianismo e Islamismo – está imerso em uma situação que combina todas as formas de conflito e sujeitos possíveis”.

E os descreveu: “Combatentes de um Estado e de um ‘não-Estado’, grupos étnicos e culturais, terroristas fundamentalistas e criminalidade organizada, ódio religioso e étnico, rivalidades geopolíticas regionais e internacionais”.

Perseguição

Por fim, o arcebispo disse ser um dever da Santa Sé recordar a comunidade internacional – mais uma vez – que os extremistas estão tentando erradicar religiões, grupos culturais e étnicos que há milênios vivem no Oriente Médio.

“Minha delegação está profundamente preocupada com a condição dos Cristãos e outros grupos em áreas controladas pelo auto-proclamado estado islâmico, em particular por aqueles que são mantidos reféns para obtenção de resgates e sofrem todas as formas de escravidão”. (RB)

(from Vatican Radio)

Sínodo. Briefing: trabalho intenso para o Relatório Final

Sínodo. Briefing: trabalho intenso para o Relatório Final

No Sínodo dos Bispos sobre a Família, na tarde desta quinta-feira dia 22 de Outubro foi apresentado o Projeto de Relatório Final. Os padres sinodais analisaram o texto e fizeram intervenções e observações. As modificações solicitadas deverão ser feitas até as 14h desta sexta-feira, dia 23, por escrito. O Relatório Final será apresentado na manhã de sábado dia 24 e durante a tarde serão as votações.

No briefing de imprensa no final da manhã de ontem quinta-feira dia 22, o Padre Federico Lombardi recordou que a Comissão de redação do Relatório Final do Sínodo trabalhou em modo “intensíssimo para conseguir completar o trabalho”.

Presente no encontro com os jornalistas o arcebispo de Bombaim na Índia e membro da Comissão de redação do Relatório Final do Sínodo, o Cardeal Oswald Gracias que salientou que o Sínodo foi uma experiência espiritual para entender como ajudar as famílias a tornarem-se melhores e a encontrarem soluções para as suas dificuldades, graças à partilha de opiniões, pontos de vista e diferentes situações culturais.

Nessa ótica, o purpurado indiano deteve-se sobre o tema da “salutar descentralização”, explicando que esta implica que os bispos devem ser formados a nível teológico, moral e canónico, para compreender as diferentes abordagens necessárias para enfrentar os problemas específicos de cada país.

O Cardeal Gracias deteve-se ainda sobre o método de trabalho da Comissão: os especialistas fizeram uma avaliação das mais de 700 emendas apresentadas para o documento final, buscando escolher as mais representativas, e depois a Comissão decidirá quais as que vai inserir no texto final, de modo a que dele possa sair uma mensagem coerente.

Nesta sexta-feira dia 23 a Comissão reelaborará o texto, baseamdo-se nas modificações. No sábado de manhã o texto será lido na Sala do Sínodo no seu formato definitivo; já na parte da tarde o texto será votado parágrafo por parágrafo. Depois, caberá ao Papa decidir se o texto será publicado.

(RS)



(from Vatican Radio)

Silêncio, reflexão e oração para entender os sinais dos tempos

Silêncio, reflexão e oração para entender os sinais dos tempos

Cidade do Vaticano (RV) -  “Os tempos mudam e nós cristãos devemos mudar continuamente”, com liberdade e na verdade da fé. Foi o que afirmou o Papa na homilia da missa da manhã, celebrada na Casa Santa Marta. Francisco refletiu sobre o discernimento que a Igreja deve atuar, observando os ‘sinais dos tempos’, sem ceder à comodidade do conformismo, mas deixando-se inspirar pela oração.

Os tempos fazem o que devem: mudam. Os cristãos devem fazer aquilo que Cristo quer: avaliar os tempos e mudar com ele, permanecendo ‘firmes da verdade do Evangelho’. O que não se admite é o tranquilo conformismo que, na prática, nos deixa imóveis.

Sabedoria cristã

O Papa se inspira no trecho da Carta aos Romanos de São Paulo, na qual ele prega ‘com muita força a liberdade que nos salvou do pecado’. No Evangelho do dia, Jesus fala ‘do sinal dos tempos’, definindo hipócritas aqueles que sabem compreender o tempo, mas não fazem o mesmo com o tempo do Filho do Homem. Deus nos criou livres e para ter esta liberdade – afirma o Papa – devemos nos abrir à força do Espírito Santo e entender bem o que acontece dentro de nós e fora de nós”, usando o ‘discernimento’.

“Temos esta liberdade de julgar o que acontece fora de nós, mas para julgar temos que saber bem o que ocorre fora de nós. E como se pode fazer isto? Como se pode fazer o que a Igreja chama ‘conhecer os sinais dos tempos’? Os tempos mudam; é justamente a sabedoria cristã a conhecer estas mudanças, conhecer os diferentes tempos e também os sinais dos tempos. O que significa uma coisa e a outra. Fazer isto sem medo, com liberdade”.

Silêncio, reflexão e oração

Francisco reconhece que não é algo “fácil”, são muitos os condicionamentos externos que pressionam também os cristãos e induzem muitos a um mais cômodo não fazer:

“Este é um trabalho que, com frequência, não fazemos: nos conformamos, nos tranquilizamos com ‘me disseram, ouvi, as pessoas dizem, eu li...’. Assim estamos tranquilos... Mas qual é a verdade? Qual é a mensagem que o Senhor que me passar com este sinal dos tempos? Para entender os sinais dos tempos, antes de tudo é preciso o silêncio: silenciar e observar. E, em seguida, refletir dentro de nós. Um exemplo: porque existem tantas guerras hoje? Porque aconteceu algo? E rezar... Silêncio, reflexão e oração. Somente assim poderemos entender os sinais dos tempos, o que quer nos dizer Jesus”.

Livres na verdade do Evangelh

Entender os sinais dos tempos não é uma tarefa exclusiva de uma elite cultural. Jesus, recordar, não diz “vejam como fazem os universitários, como fazem os doutores, os intelectuais...”. Jesus, destaca o Papa, fala aos camponeses que “em sua simplicidade” sabem “distinguir o joio do trigo”:

“Os tempos mudam e nós cristãos devemos mudar continuamente. Devemos mudar firmes na fé em Jesus Cristo, firmes na verdade do Evangelho, mas o nosso comportamento deve se mover continuamente de acordo com os sinais dos tempos. Somos livres. Somos livres pelo dom da liberdade que Jesus Cristo nos deu. Mas o nosso dever é olhar o que acontece dentro de nós, discernir os nossos sentimentos, os nossos pensamentos; e o que acontece fora de nós e discernir os sinais dos tempos. Com o silêncio, com a reflexão e com a oração”. (CM/RB)

(from Vatican Radio)

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Mons. Oder: Wojtyla e Bergoglio, Papas do povo

Mons. Oder: Wojtyla e Bergoglio, Papas do povo

Cidade do Vaticano (RV) - A Igreja celebra nesta quinta-feira (22/10), a memória litúrgica de São João Paulo II, canonizado pelo Papa Francisco em 27 de abril do ano passado, junto com São João XXIII.

Desde o início desta manhã, vários fieis estão visitando o túmulo de São João Paulo II, na Basílica de São Pedro. Dentre os pontífices mais amados da história, Karol Wojtyla foi em particular o “Papa da família”, como recordou o Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (21/10), e dos jovens, que o recordarão no próximo ano na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Cracóvia, sua terra natal.

Foi grande a sua devoção à Divina Misericórdia, aspecto que o liga a Jorge Mario Bergoglio. Sobre a atualidade da pessoa e do Magistério de João Paulo II e a ligação com o Papa Francisco, a Rádio Vaticano conversou com o postulador da causa de canonização, Mons. Slawomir Oder.

“Não tenham medo, abram as portas a Cristo” é um pouco a síntese de toda a vida de Karol Wojtyla. O que diz aos homens de nosso tempo a pessoa de João Paulo II?

Mons. Oder: “De fato ‘Não tenham medo’ é uma palavra quase de entrega e do testamento que ele nos deixou. Durante o processo de canonização e depois sucessivamente em vários encontros que tinham como finalidade a memória, a recordação de João Paulo II, nos meus encontros com as pessoas, esta frase retorna como uma coisa que permaneceu em seus corações. É uma palavra que, mais uma vez, nos ajuda a viver o momento presente como um momento para sair e viver com generosidade a nossa vida, e não se contentar com a mediocridade, mas ter a coragem de fazer escolhas exigentes, conscientes de que o Senhor está conosco e nos sustenta em nosso caminho.”

Daqui a pouco terá início o Jubileu da Misericórdia. Esta é uma das coisas que mais liga o Papa Francisco e São João Paulo II?

Mons. Oder: “Certamente, existe uma continuidade nesta realidade. Sem dúvida, a experiência que os levou a considerar a realidade da Misericórdia passa pela experiência pessoal de cada um, única e irrepetível. Porém, o coração da mensagem é este: o homem precisa do Senhor, precisa da Misericórdia.”

Outro aspecto característico dos dois é o amor pelo povo

Mons. Oder: “Absolutamente sim. Estou convencido de que esta consciência da necessidade da Misericórdia de Deus, que nasceu através de vias diferentes em cada um deles, provém do contato com o Povo de Deus, com as pessoas. São os ‘Papas do Povo’, Papas amados, não são populares no sentido do amor que os circunda, mas pela presença física e moral junto ao povo que precisa sentir a proximidade cheia de afeto, de amor do pastor que não somente com palavras, mas como uma presença paterna está junto ao Povo de Deus.”

No próximo ano se realizará a JMJ em Cracóvia, muito esperada. Francisco que visita a terra de João Paulo II e encontra os jovens

Mons. Oder: “A coisa maravilhosa nesta entrega entre os pontífices que se realizou de João Paulo II a Bento XVI, e de Bento XVI a Francisco, é o fato de que nos sentimos ligados à figura de Karol Wojtyla, Bento XVI e Papa Francisco. Mas a coisa mais importante, e isso eu experimentei pessoalmente e através de meu contato com as pessoas, é que através desses pontífices, Pedro representa Cristo nos fala e nos guia. É uma experiência extraordinária, fantástica, viver esta continuidade da fé, do amor e da experiência na consciência de ser Igreja.” (MJ)

(from Vatican Radio)

Coletiva de imprensa: o Sínodo é uma viagem que continuará

Coletiva de imprensa: o Sínodo é uma viagem que continuará

Cidade do Vaticano (RV) - Quinta-feira, antepenúltimo dia de atividades do Sínodo sobre a família, nesta última fase em que se trabalha a redação do Relatório final, preparado pela Comissão de dez membros, para tal nomeada pelo Papa. Na parte da tarde, na Assembleia, a apresentação do esboço do documento aos Padres sinodais.

Conduzida pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, a coletiva do dia teve como convidados o arcebispo de Bombay (Índia) e membro da Comissão, Cardeal Oswald Gracias; o bispo de Tonga (Oceania), Cardeal Patita Mafi; e o arcebispo de Los Angeles (EUA), Dom José Horacio Gómez.

“A Comissão trabalhou intensamente para completar o seu trabalho”: com essas palavras, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Lombardi, abriu a coletiva desta quinta-feira, seguido do Cardeal Gracias, o qual disse que o Sínodo foi uma experiência espiritual para entender como ajudar as famílias a tornar-se melhor e a encontrar soluções às suas dificuldades, graças ao cotejamento entre opiniões, pontos de vista e diferentes situações culturais.

Nessa ótica, o purpurado indiano deteve-se sobre o tema da “salutar descentralização”, explicando que esta implica que os bispos devem ser formados a nível teológico, moral e canônico, para compreender as diferentes abordagens necessárias para enfrentar os problemas específicos de cada país.

“O Santo Padre veio agradecer-nos pelo nosso trabalho na Comissão, não ficou para a discussão, mas nos falou sobre a importância da família” – acrescentou o purpurado.

Em seguida, o arcebispo de Bombay se deteve sobre o método de trabalho da Comissão: os especialistas fazem uma avaliação das mais de 700 emendas apresentadas para o documento final, buscando escolher as mais representativas, e depois a Comissão decide quais delas inserir no texto final, de modo que dele possa sair uma mensagem coerente.

Neste momento, ainda na fase de esboço, afirmou o Cardeal Gracias, o Relatório consta de aproximadamente cem páginas, aprovadas por unanimidade pela Comissão. Na abertura, talvez, seja inserido um preâmbulo, a pedido de alguns Círculos menores.

Na parte da tarde desta quinta-feira, a apresentação do esboço do documento aos Padres sinodais, a ser discutido na manhã de sexta-feira. As modificações solicitadas deverão ser feitas até as 14h desta sexta-feira, de forma escrita.

Ainda na sexta-feira à tarde a Comissão reelaborará o texto, baseado nas modificações. No sábado pela manhã o mesmo será lido na Sala do Sínodo em sua forma definitiva; já na parte da tarde o texto será votado parágrafo por parágrafo. Depois, caberá ao Papa estabelecer se publicá-lo ou não.

Por sua vez, o Cardeal Mafi ressaltou: hoje, o mundo globalizado deve ser visto em todas as suas interdependências e esse aspecto deve ser avaliado atentamente.

Trabalhamos no Sínodo com coração aberto, sempre buscando fazer com que se sentisse o apoio da Igreja à família. Em todo caso, o Sínodo é uma viagem que continuará.

Quanto aos desafios dos núcleos familiares em seu país (Reino de Tonga), o purpurado evidenciou a dificuldade dos Estados insulares, ainda desprovidos de instituições fortes, e as transformações que o individualismo, de matriz ocidental, estão levando para a família alargada. A globalização é uma bênção, disse, mas também um desafio, ponderou.

Já o arcebispo de Los Angeles, Dom Gómez, deteve-se sobre o tema da migração, muito presente no Sínodo: nos EUA existem 11 milhões de imigrados irregulares, explicou, e se trata de pessoas que fazem parte da nossa família e que devem ser ajudadas.

O prelado destacou como sendo central também o tema da unidade: nos EUA é uma questão muito presente, e o Sínodo deve lançar uma mensagem sobre isso para demonstrar que a família é o instituto com o qual se pode sempre contar.

A discussão sinodal tratou também da importância do respeito pela mulher e da paridade de direitos e responsabilidades, porque – afirmou o arcebispo – “todos fomos criados iguais e somos todos filhos de Deus”. Dom Gómez fez votos de que o Sínodo possa ajudar as pessoas a viver a fé de modo mais profundo.

Por fim, respondendo a uma pergunta da imprensa sobre a falsa notícia de uma doença do Papa, os Padres sinodais presentes na coletiva afirmaram: ela não teve nenhum efeito sobre a nossa atividade, continuamos trabalhando em espírito de sinodalidade. (RL)

Sínodo: apresentação do relatório final

Sínodo: apresentação do relatório final

Cidade do Vaticano (RV) – Os padres sinodais têm a manhã livre esta quinta-feira (22/10) para, à tarde, em plenário, ouvirem a apresentação do relatório final, como confirma o Arcebispo de São Paulo, Card. Odilo Pedro Scherer:

“Nesta etapa do Sínodo, tenta-se recolher pouco a pouco os resultados das reflexões feitas sobre o tema da vocação e missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo. Hoje à tarde, será apresentado o relatório elaborado pela Comissão de Redação, a partir de todas as contribuições recebidas em plenário e nos círculos menores. Depois, teremos ainda a sexta-feira para mais um momento de reflexão em plenário sobre o próprio relatório, antes que se parta para a votação ponto por ponto no sábado.”

RV:- Existe a expectativa de que algo mude em relação aos divorciados recasados?

Cardeal Odilo:- “Foi motivo de reflexão, com muitas contribuições, onde nem todos têm a mesma linha de pensamento. Mas não em termos de polêmica. Foi motivo de reflexão sobretudo na terceira parte do Instrumento de Trabalho, onde o assunto propriamente entra. E as reflexões sobre isso são na linha do trato pastoral, não na linha doutrinal. Quer dizer, primeiramente fica descartada a possibilidade de pensar que a Igreja vai aprovar o divórcio. Já foi feito o motu próprio sobre a agilização dos processos de reconhecimento da nulidade matrimonial, mas isto vai na linha da nulidade, não da anulação, ou seja, do divórcio. Onde houver a possibilidade de reconhecer a nulidade, então haverá também a possibilidade de um casamento verdadeiro. Mas o divórcio não entra. A Igreja não o aprova, isto está fora de cogitação. Por outro lado, se os recasados, os que vivem em segunda união, poderão comungar normalmente, a linha das reflexões é pela não generalização de uma solução. Não haverá uma solução genérica, dizendo ‘Sim, podem todos ir à comunhão’. Mas está se refletindo sobre uma atenção personalizada aos casos, caso por caso, situação por situação, porque sempre são muito diversificadas as situações. Há sugestões para que se possibilite o acesso à comunhão eucarística para certas situações, certas circunstâncias. Há também aqueles que acham que não se deva mudar a atual disposição.”

(SP/BF)

Papa Francisco anuncia a instituição de um novo Dicastério

Papa Francisco anuncia a instituição de um novo Dicastério

Cidade do Vaticano (RV) - Esta quinta-feira, no início da Congregação Geral do Sínodo, na parte da tarde, o Santo Padre tomou a palavra e fez o seguinte anúncio:

“Decidi instituir um novo Dicastério com competência acerca dos leigos, a família e a vida, que substituirá o Pontifício Conselho para os Leigos e o Pontifício Conselho para a Família, e ao qual será anexada a Pontifícia Academia para a Vida.”

“A esse propósito, constitui um comissão para tal que providenciará redigir um texto que determine canonicamente as competências do novo Dicastério, e que será submetido à discussão do Conselho de Cardeais, que se realizará no mês de dezembro próximo.”

(from Vatican Radio)

Papa Francisco: não retroceder diante das tentações

Papa Francisco: não retroceder diante das tentações

Cidade do Vaticano (RV) - “O esforço do cristão é propenso a abrir a porta do coração ao Espírito Santo.” Foi o que disse o Papa Francisco na missa celebrada na manhã desta quinta-feira (22/10), na Casa Santa Marta.

O pontífice sublinhou que a conversão, para o cristão, “é uma tarefa, é um trabalho de todos os dias”, que nos leva ao encontro com Jesus. Como exemplo disso, Francisco contou a história de uma mãe doente de câncer que fez de tudo para combater a doença.

O Papa se baseou na Carta de São Paulo aos Romanos para sublinhar que, para passar do serviço da iniquidade à santidade, devemos nos esforçar cotidianamente.

Não somos faquires

“São Paulo usa a imagem do atleta, pessoa que treina para se preparar para a jogo, e faz um esforço enorme”, disse o pontífice. “Mas se essa pessoa faz todo esse esforço para vencer um jogo, nós que devemos obter aquela vitória grande do Céu, o que devemos fazer?”. São Paulo nos exorta a prosseguir neste esforço”:

“Padre, podemos pensar que a santidade vem do esforço que eu faço, assim como a vitória do atleta vem por causa do treinamento? Não. O esforço que nós fazemos, este trabalho cotidiano de servir ao Senhor com a nossa alma, com o nosso coração, com o nosso corpo, com toda a nossa vida somente abre a porta ao Espírito Santo. É Ele quem entra em nós e nos salva! Ele é o dom em Jesus Cristo”. Caso contrário, nos assemelharemos aos faquires: não, nós não somos faquires. Nós, com o nosso esforço, abrimos a porta.”

Não retroceder diante das tentações

Uma tarefa difícil, reconheceu o Papa, “porque a nossa fraqueza, o pecado original e o diabo sempre nos levam para trás”. O autor da Carta aos Hebreus, acrescentou, “nos adverte contra esta tentação de retroceder”, de “regredir, de ceder”. É preciso “ir avante – exortou – sempre: um pouco a cada dia” mesmo “quando existe uma grande dificuldade”:

“Alguns meses atrás, encontrei uma mulher. Jovem, mãe de família – uma bela família – que tinha um câncer. Um câncer feio. Mas ela vivia com felicidade, agia como se estivesse saudável. E falando desta atitude, me disse: ‘Padre, faço de tudo para vencer o câncer!’. Assim deve ser o cristão. Nós que recebemos este dom em Jesus Cristo e passamos do pecado, da vida de injustiça à vida do dom em Cristo, no Espirito Santo, devemos fazer o mesmo. Um passo a cada dia. Um passo a cada dia”.

Treinamento da vida

O Papa indicou algumas tentações, como a “vontade de falar mal” de alguém. E naquele caso, disse, é preciso se esforçar para calar. Ou quando ficamos com preguiça de rezar, mas depois acabamos rezando um pouco. Partir das pequenas coisas, reiterou Francisco:

“Nos ajudam a não ceder, a não retroceder, a não voltar para a injustiça, mas a ir avante rumo a este dom, esta promessa de Jesus Cristo, que será propriamente o encontro com Ele. Peçamos ao Senhor esta graça: de sermos bons, de sermos bons neste treinamento da vida rumo ao encontro, porque recebemos o dom da justificação, o dom da graça, o dom do Espírito em  Cristo Jesus”.

(MJ/BF)

Insatisfeitas, mas esperançosas ... Irmãs Reparadores em Achada-Lém

Insatisfeitas, mas esperançosas ... Irmãs Reparadores em Achada-Lém

á vai fazer 50 anos que a Irmã Lídia Gomes Freire deixou a casa dos pais para aderir à Congregação das Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus, Congregação nascida em Portugal em 1931 para reparar as ofensas da Guerra ao Coração de Jesus e restaurar a fé nas pessoas através da catequese a todos os níveis. Ela fazia parte do primeiro grupo de cabo-verdianas que optaram por esta Congregação. Actualmente é coordenadora da Casa que a Congregação abriu há um ano em Achada-Lém, interior de Santiago, zona rural, pobre e com falta de padres. Com ela estão outras duas irmãs, uma das quais é a Irmã Maria da Luz Araújo. 

No encontro com elas em Junho passado, no âmbito de uma série de reportagens sobre as religiosas em Cabo Verde, no Ano da Vida Consagrada, manifestaram uma certa insatisfação e tristeza, por não disporem de meios para ajudar espiritual e materialmente a população, sobretudo na área da educação e saúde. Com efeito, a sua única fonte de sustentamento e de acção é a pequena pensão da Irmã Lídia, que durante muitos anos trabalhou como educadora de infância, área que ainda a apaixona e em que gostaria de deixar algo à Igreja, à sociedade cabo-verdiana.

A sua opção pela vida religiosa e a alegria de pôr os seus talentos ao serviço do irmão não estão absolutamente em questão, mas consideram que não ter meios para fazer isso é uma preocupação, um pecado mesmo. No entanto, mantêm viva a esperança de ver mudar para melhor essa localidade pela qual se vão, aos poucos, apaixonando. 

Esperam poder ter a ajuda do Governo e da Igreja para poder fazer algo: ter um jardim de infância, um centro para mulheres, um carro para se deslocarem para as zonas mais afastadas, etc. Mas não está a ser fácil. A Irmã Maria do Carmo da Congregação das Filhas do Sagrado Coração de Maria que nos acompanhou fez notar que o Governo ajuda através da Diocese, a qual não dispõe, todavia, de meios suficientes para dar resposta a todas as necessidades. A este respeito, o Cardeal Arlindo Furtado nos diria mais tarde que “vão partilhando o que têm”, mas é claro que é pouco para tantas necessidades e a Diocese não pode dar subsídios a Institutos Religiosos nem a padres.

Por isso, neste Ano da Vida Consagrada, as irmãs agradecem ao Papa pelo reconhecimento do trabalho dos consagrados e lançam um grito para que as Congregações sejam ajudadas directamente, por forma a poderem levar avante as suas acções a favor dos necessitados.

RV promove jornada de solidariedade aos imigrantes

RV promove jornada de solidariedade aos imigrantes

Cidade do Vaticano (RV) – A Rádio Vaticano é sede esta quarta-feira (21/10) de uma jornada de solidariedade sobre o tema: “A imigração como ato e fator de cultura: pensar para melhor agir”.

O evento é organizado pelo “CRA2000”, Centro de reflexão dos jornalistas africanos da Rádio Vaticano, com a colaboração de várias associações.

A finalidade é refletir sobre a responsabilidade africana na gestão e no governo do fenômeno migratório na era da globalização.

Na ocasião, será apresentado o DVD sobre o tema “Eu também tenho nome e sobrenome” e o livro “Da mediocridade à excelência. Reflexões filosóficas de um imigrante africano”, escrito pelo colega do Programa Português/África da RV, Filomeno Lopes:

“A manifestação tem como objetivo aproveitar esta ocasião do Sínodo para manifestarmos a nossa solidariedade com um tema que é fundamental: a questão dos migrantes e refugiados. Sabemos que mais de 80% dos refugiados, aqueles que morrem atualmente, são africanos. Fala-se muito da questão sobretudo aqui na Itália, mas poucas vezes há a ocasião de ouvir o que os africanos pensam sobre esta matéria. Já que o Papa tem falado muito disto, ouve-se muito pouco a voz dos bispos africanos, que são os nossos pastores. Então, aproveitamos desta ocasião para fazer esta manifestação, que quer ser um ato de solidariedade, mas também de reflexão.” (BF)

(from Vatican Radio)